Resumo
Partindo da ideia de que é possível se pensar a transversalidade em educação, em que não haja solidão nem isolamento em áreas distintas - modelo disciplinar, em que projetos façam mais do que funcionar em parcerias de professores - modelo interdisciplinar, em que o conhecimento seja mais do que um tema que atravessa as várias disciplinas separadas - modelo transversal dos PCNs, em que até a seriação possa ser questionada, apresentamos neste trabalho experiências que levaram alunos à experimentação com imagens a partir da leitura da obra Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, também feita nas aulas de Geografia do Ensino Fundamental. Mostramos trabalhos com imagens em três tempos, disciplinar, interdisciplinar e transversal, defendendo este último como aquele que possibilita o envolvimento e permite a criação em projetos educacionais, nos dias de hoje. Nesse projeto destacou-se uma ênfase na organização do conhecimento que envolve o tempo, espaço e sociedade, que se movimentam para além das definições em si. A tecnologia, como instrumento de análise, de conhecimento e de experimentação, leva a possíveis deslocamentos e a um transbordamento dos sentidos. Afinal, o que era esse sertão, a migração, o mandacaru, a caatinga? Quem foi Lampião? Propomos, de acordo com a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari, abandonar verticalismos e horizontalismos, em favor de fluxos que possam tomar qualquer direção, sem hierarquia definida de antemão, rizomáticos; em favor da pulverização, da multiplicidade, de interesses e da diferença; defendendo a imagem como possibilidade de policompreensões infinitas na educação.
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