Resumo
O artigo é decorrente de uma pesquisa cujo objetivo foi problematizar as práticas de governamento docente veiculadas pelo discurso da pedagogia escolar presente em livros de formação de professores de Educação Infantil. A materialidade investigativa da pesquisa foi composta por um conjunto de livros que defendem o ensino de conteúdos emergentes de áreas do conhecimento para bebês e crianças pequenas, além de apresentarem uma crítica ao que nomeiam processo de desescolarização e fetichização da infância. Metodologicamente, a partir das contribuições dos estudos desenvolvidos por Michel Foucault, dentre outros autores vinculados a uma perspectiva pós-estruturalista, foi analisado como os livros que constituem o corpus investigativo, por meio da defesa de uma pedagogia escolar, regulam, organizam e divulgam modos considerados adequados de exercício da docência na Educação Infantil. Dessa forma, com base nas análises, foi descrita a arquitetura formativa dos livros, bem como problematizadas as táticas discursivas presentes nos textos, cujo intuito é a produção de formas de ser docente, através da universalização de um modelo de raciocínio pautado na escolarização precoce das crianças. Nesse sentido, o exercício analítico das práticas de governamento identificadas nos livros possibilitou discutir a naturalização dos enunciados constituintes do discurso da pedagogia escolar, evidenciando seus efeitos de verdade. Isso porque assumir a dimensão constitutiva da linguagem e enfrentar o desafio de questionar os efeitos de verdade dos discursos que operam no governamento da formação docente consistem uma atitude ética na atualidade.
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