Resumo
Este trabalho tem como objetivo explicitar, através da análise do Manual Didático de Literaturas Estrangeiras, de autores anônimos, publicado em 1931 pela editora FTD, do Rio de Janeiro, a existência de convicções católicas exasperadas pelo clima espiritual e pelo contexto histórico da época. Essa publicação que atende às diretrizes emanadas do papado, responde às modificações estruturais da Igreja-Estado e reage às discussões dos escolanovistas que, inspirados pela pedagogia ativa da “educação pela ação” do americano John Dewe, lutavam em prol de uma escola publica, gratuita, obrigatória e laica. Por meio desse curioso manual, as escolas católicas do Rio de Janeiro recebiam avaliações polêmicas baseadas no pensamento de direita da Igreja, com advertências sobre a suposta perversidade existente em obras de romancistas, poetas, filósofos, historiadores alemães, ingleses, russos, franceses e portugueses. Os resultados da análise conduzem à afirmação de que o momento no qual estruturas tradicionais convivem e conflitam com novas forças emergentes, (Era Vargas 1930-1934), o acirramento ideológico leva a uma reação daqueles pertencentes à Igreja Católica no âmbito escolar.
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