Resumo
O artigo tem como objetivo pensar sobre os entendimentos de infância ainda tão vinculados ao processo de ingenuidade e pureza, bem como o processo de escolarização como salvacionista de uma infância imaculada. O texto se nutre das discussões sobre história da emergência especialmente em Michel Foucault. O estudo demarca a consistência moderna em que se gestou a população dos infantis de modo a educá-los e conduzi-los ao caminho do bem. Ao fazê-las carregar a noção de frágeis e dependentes, um imenso desejo de controlar e conduzir a vida das crianças arquitetou-se aos ideais do projeto educacional e civilizatório propagado desde o nascimento da Modernidade. É especialmente a partir desse momento histórico que os sujeitos infantis foram concebidos como indivíduos a conhecer, a desvendar, a esquadrinhar, necessitando conhecê-los melhor para melhor governá-los.
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