Banner Portal
A (re)invenção da boa mãe em um manual de puericultura no Brasil dos anos de 1930
PDF

Palavras-chave

Maternidade
Gênero
Educação em saúde

Como Citar

MORANDO, André; SOUZA, Nadia Geisa Silveira de. A (re)invenção da boa mãe em um manual de puericultura no Brasil dos anos de 1930. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 19, p. e019019, 2019. DOI: 10.20396/rho.v19i0.8652696. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8652696. Acesso em: 11 out. 2024.

Resumo

Inspirados nos estudos foucaultianos, analisamos a noção de boa mãe em um manual de puericultura, da década de 30 do século XX, intitulado “O Livro das Mamães: noções de puericultura”. Buscamos conhecer os discursos da medicina, que operam como pedagogias da vida ou biopedagogias. Assim, selecionamos trechos do livro que funcionam como discursos verdadeiros. A análise nos revelou que tais biopedagogias articulam a educação em saúde aos supostos papéis do gênero da mulher, sobretudo a noção de boa mãe. Assim, as prescrições para a boa mãe mantêm, no supostamente natural, um modelo de organização do social, onde o gênero atua como marcador dos lugares que as mulheres deveriam ocupar naquela sociedade.

https://doi.org/10.20396/rho.v19i0.8652696
PDF

Referências

ALMEIDA JUNIOR, A.; MURSA, M. O livro das mamães: noções de puericultura. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1933.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980.

BUTLER, J. problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: (para além do estruturalismo e da hermenêutica). CARRERO, V. P. (org.). Rio de Janeiro: Universitária, 1995. p. 231-239.

FISCHER, R. M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 197-223, nov. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n114/a09 n114.pdf. Acesso em: 25 mar. 2018.

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Aula inaugural no College de France. Pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Loyola, 1999a

FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Ed. 1999b.

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes, 1987.

FREIRE, M. M. de. L. 'Ser mãe é uma ciência': mulheres, médicos e a construção da maternidade científica na década de 1920. Hist. cienc. saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 15, p. 153-171, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v15s0/08.pdf . Acesso em: 25 mar. 2018.

GANDINI, R. Almeida Júnior. Recife: Fundação Joaquim Nabuco: Massangana, 2010.

HARWOOD, V. Theorizing biopedagogies. In: WRIGHT, J.; HARWOOD, V. (ed.). Biopolitics and the ‘obesity epidemic – governing bodies. New York: Routledge, 2009. p. 15-31.

LIMA, A. L. G; VICENTE, B. C. Os conhecimentos sobre a maternidade e a experiência da maternidade: uma análise de discursos. Estilos da Clinica, v. 21, n. 1, p. 96-113, abr. 2016. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/estic/v21n1/a06v 21n1.pdf . Acesso em: 26 mar. 2018.

LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

LOURO. G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre a sexualidade e a teoria queer. Belo Horizonte: Autentica, 2013.

MEYER, D. E. E. As mamas como constituinte da maternidade: uma história do passado?. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 25. n. 2, p. ll7- 133, jul./dez. 2000. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealid ade/article/view/46838/29125. Acesso em: 26 mar. 2018.

NICHOLSON, L. Interpretando o gênero. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 2, p. 9-41, 2000. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/11917/ 11167. Acesso em: 26 mar. 2018.

PINTO, C. R. J. Elementos para uma análise de discurso político. Barbarói (UNISC), v. 24, p. 87-118, 2006. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/ barbaroi/article/view/821/605. Acesso em: 26 mar. 2018.

ROCHA, H. H. P. Inspecionando a escola e velando pela saúde das crianças. Educar em Revista, Curitiba, v. 25, n. 25, p. 91-109, 2005. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/er/n25/n25a07.pdf . Acesso em: 26 mar. 2018.

ROHDEN, F. Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX. Horizonte Antropológico, Porto Alegre, v. 8, n. 17, p. 101-125, jun. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ha/v8n17/19078.pdf. Acesso em: 26 mar. 2018.

RUBIN, G. O tráfico de mulheres: notas sobre a economia política dos sexos. Dabat. Recife: SOS CORPO - Gênero e Cidadania, 1975.

SANTOS, L. A. de. C. O pensamento sanitarista na Primeira República: uma ideologia de construção da nacionalidade. Dados. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p. 193-210, 1985. Disponível em: http://www.bvshistoria.coc.fiocruz.br /lildbi/docsonline/antologias/eh-594.pdf . Acesso em: 26 mar. 2018.

SCHIEBINGER, L. Mamíferos, primatologia e sexologia. In: PORTER, R.; TEICH, M. (org.). Conhecimento sexual, ciência sexual: a história das atitudes em relação à sexualidade. São Paulo: UNESP, 1998. p. 219-246.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. da. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

SOUZA, N. G. S. de. Discutindo práticas implicadas na produção do corpo. In: CAMOZZATO, V. C.; CARVALHO, R. S. de.; ANDRADE, P. D. de. (org.). Pedagogias culturais: a arte de produzir modos de ser e viver na contemporaneidade. Curitiba: Appris, 2016.

VEIGA-NETO, A. Coisas do governo. In: RAGO, M.; ORLANDI, L. B. L.; VEIGA-NETO, A. (org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

VIVIANI, L. M. A disciplina biologia educacional e seus professores paulistas: diversidade de formação e de práticas profissionais. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 4, p. 85-102, jan./jun. 2010. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/revtee/ article/viewFile/2221/1892 . Acesso em: 26 mar. 2018.

VIVIANI, L. M.; BUENO, B. O. A biologia educacional nas escolas normais paulistas: uma disciplina da eficiência física e mental. Revista Portuguesa de Educação, v. 19, p. 43-65, 2006. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v19n1/ v19n1a03.pdf . Acesso em: 26 mar. 2018.

VIVIANI, L. M; MARCHAN, G. S. Puericultura e produção de perfis de atuação feminina: dois manuais em análise. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 7., 2006, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: [s.n.], 2006.

WEEKS, J. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, G. L. (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

Revista HISTEDBR On-line utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.