Resumo
Este artigo tem como objetivo investigar a adesão de cinco universidades federais do Centro-Oeste aos serviços de educação das grandes corporações da informática, a saber: Microsoft e Google a partir da seguinte indagação: no contexto do ensino remoto emergencial, as universidades federais do Centro-Oeste adotam ou sugerem à comunidade acadêmica os serviços de plataformas proprietárias para o desenvolvimento de suas atividades acadêmicas? A metodologia empregada envolve pesquisa bibliográfica, por meio da análise de artigos acadêmicos e documentos institucionais. Dentre os resultados, destaca-se que, à exceção da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), todas as outras quatro universidades federais do Centro-Oeste analisadas propuseram documentos e formações para o uso de plataformas do Google e da Microsoft. Amparados pelos estudos teóricos de Van Djick e Poell (2018) e Parra et al. (2018), observa-se que essas são organizações privadas internacionais com acesso aos dados de pesquisa, desenvolvimento e inovação das universidades públicas brasileiras. Como conclusão, a pesquisa formula a seguinte hipótese: à medida que as universidades aderem a parcerias gratuitas ou “muito vantajosas” oferecidas pelas grandes corporações para a realização de suas atividades acadêmicas, perde-se a oportunidade de desenvolver tecnologias públicas de informação e comunicação voltadas ao desenvolvimento do país.
Referências
ANDES. Docentes questionam adesão a plataformas Google e Microsoft para atividades remotas. ANDES/UFRGS, Porto Alegre. 24 jun. 2020. Disponível em: https://bityli.com/qWhmtLgk. Acesso em: 30 jul. 2021.
BRASIL. Decreto de 29 de outubro de 2003. Institui Comitês Técnicos do Comitê Executivo do Governo Eletrônico e dá outras providências. Revogado pelo Decreto nº 8.638, de 2016. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://bityli.com/RmdpbChf. Acesso em: 30 jul. 2021.
BRASIL. Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus - Covid-19. Brasília, DF: Ministério da Educação. Disponível em: https://bityli.com/vcpujEbB. Acesso em: 30 jul. 2021.
CRUZ, L. R. da; SARAIVA, F. de O.; AMIEL, T. Coletando dados sobre o capitalismo de vigilância nas instituições públicas do ensino superior do Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL LAVITS, 6., 2019, Salvador. Anais. Salvador: Rede Latino-Americana de Estudos Sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade, 2019. p. 1-17. Disponível em: https://bityli.com/kKgucNHb. Acesso em: 30 jul. 2021.
EDUCAÇÃO torna-se negócio rentável para acionistas no Brasil. Forbes, São Paulo, fev. 2015. Seção Negócios. Disponível em: https://bityli.com/OaAVGfigW. Acesso em: 30 jul. 2021.
FEENBERG, A. A fábrica ou a cidade: qual o modelo de educação a distância via web? In: NEDER, R. T. (org.). A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. Brasília: Observatório do Movimento Social na América Latina, 2010. p. 153-175.
FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2007.
FRANÇA, R. O que está em jogo na questão da implantação do Google for Education nas universidades públicas. Boletim Sesunila, Foz do Iguaçu, n. 10, p. 92-99, 2020. Disponível em: https://bityli.com/QOwKOgSU. Acesso em: 30 jul. 2021.
GISERMAN, G.; SENDAY, G.; ARAUJO, V. Mundo em 60s: o futuro da educação. 2020 veio para moldar o futuro da educação; esperamos que seja nota 10. Expert XP, Rio de Janeiro. 13 nov. 2020. Disponível em: https://bityli.com/GlYChIvc. Acesso em: 30 jul. 2021.
JUNQUEIRA, D. Por que o governo federal está adotando soluções da Microsoft em vez de software livre. Gizmodo Brasil, 31 out. 2016. Disponível em: https://bityli.com/VLAghQDo. Acesso em: 30 jul. 2021.
JUNQUEIRA, E. S. Vigilância em tempos de educação à distância. Outras Palavras, São Paulo. 31 mar. 2020. Disponível em: https://bityli.com/GeJEqxcS. Acesso em: 30 jul. 2021.
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
MARX, K. Contribuição para a crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MARX, K.; ENGELS, F. Ideologia Alemã. São Paulo: Hucitec, 1986.
MATTELART, A. História da sociedade da informação. São Paulo: Loyola, 2001.
MICROSOFT abre Centro de Transparência no Brasil para atender aos governos da América Latina. Microsoft News Center Brasil, São Paulo, out. 2016. Disponível em: https://bityli.com/OVutnGqi. Acesso em: 30 jul. 2021.
MICROSOFT BRASIL. Educação para todos e para cada um: impacto real para um novo aprendizado. 2003. Disponível em: https://bityli.com/OIdXZRZt. Acesso em: 10 ago. 2021.
MORAES, R. de A. Educação, trabalho e novas tecnologias: o debate teórico. In: PEREIRA, M. de F.; MORAES, R. de A.; TERUYA, T. K. (org.). Educação a Distância (EaD): reflexões críticas e práticas. 1. ed. Uberlândia: Navegando, 2017. p. 55-65. Disponível em: https://bityli.com/QnfhDSiV. Acesso em: 30 jul. 2021.
MOROZOV, E. Big tech: a ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu, 2018.
PARRA, H. Z. M. et al. Infraestruturas, economia e política informacional: o caso do Google Suite for Education. Mediações, Londrina, v. 23, n. 1, p. 63-99, 2018. Disponível em: https://bityli.com/tnLoRACA. Acesso em: 30 jul. 2021.
POELL, T.; NIEBORG, D.; VAN DIJCK, J. Platformisation. Internet Policy Review, [s. l.], v. 8, n. 4, p. 1-13, 2019. Disponível: https://bityli.com/bRboXqaW. Acesso em: 4 ago. 2021.
PRAZERES, M. Empresa HD, aluno monitor: a Microsoft e a construção da crença nas tecnologias. Educação e Pesquisa, [s. l.], v. 41, n. 2, p. 527-542, 2015. Disponível em: https://bityli.com/qrBtYHOZ. Acesso em: 10 ago. 2021.
ROBERTS-MAHONEY, H.; MEANS, A.; GARRISON, M. Netflixing human capital development: personalized learning technology in the corporatization of K-12 education. Journal of Education Policy, [s. l.], v. 31, n. 4, p. 405-420, 2016.
SEGALLA, A. Tecnologia revoluciona educação. Estados de Minas, 16 nov. 2020. Seção Mercado S/A. Disponível em: https://bityli.com/qruPDBHU. Acesso em: 30 jul. 2021.
TECNOLOGIAS digitais: um enorme potencial de desenvolvimento continua fora das perspectivas de quatro bilhões de pessoas que carecem de acesso à internet. The World Bank, jan. 2016. Disponível em: https://bityli.com/pQodxKmQ. Acesso em: 30 jul. 2021.
UM MILITANTE na batalha pelo software livre. O Estado de São Paulo, 15 ago. 2004. Seção Geral. Disponível em: https://bityli.com/CTTSMiEo. Acesso em: 30 jul. 2021.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. DEG lança cartilha para orientar retorno às atividades não presenciais. Secom UnB, 11 set. 2020. Disponível em: https://bityli.com/cTIQbYxe. Acesso em: 27 jul. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. Regime Acadêmico Emergencial por Modalidades e Fases. Mato Grosso: UFGD, 02 fev. 2022. Disponível em: https://bityli.com/bhEcOiCf. Acesso em: 27 jul. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Diretrizes didático-pedagógicas para a organização do ensino remoto na UFG. In: SÁ, A. C. A. M. et al. (org.). Goiânia: CEGRAF UFG, 2020. Disponível em: https://bityli.com/iIchFhGP. Acesso em 27 jul. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL. Guia de atividades acadêmicas durante a Covid-19. Mato Grosso do Sul: UFMS. Disponível em: https://bityli.com/jFTVakoU. Acesso em: 27 jul. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. A flexibilização educacional. Mato Grosso: UFMT. Disponível em: https://bityli.com/GcScUHEx. Acesso em: 27 jul. 2021.
VAN DIJCK, J.; POELL, T. Social media platforms and education. In: BURGESS, J.; MARWICK, A.; POELL, T. (eds). The SAGE Handbook of Social Media. London: SAGE, 2018.
VASCONCELOS, L. A administração federal começa a adotar softwares livres em seus computadores e estimula o crescimento de empresas nessa área. Revista Desafios do Desenvolvimento, Brasília, ano 2, ed. 9, 2005. Disponível em: https://bityli.com/XJBLItIx. Acesso em: 30 jul. 2021.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2022 Revista HISTEDBR On-line