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Panorama da educação na região do contestado após cem anos da guerra do contestado
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Palavras-chave

Educação. Região do Contestado. Cem anos. Guerra do Contestado

Como Citar

ROSA, Geraldo Ant da; THOMÉ, Nilson. Panorama da educação na região do contestado após cem anos da guerra do contestado. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 13, n. 54, p. 156–171, 2014. DOI: 10.20396/rho.v13i54.8640175. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640175. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

O presente artigo pretende fazer reflexões a partir de pesquisas realizadas pelo autorsobre um panorama da Educação na Região do Contestado após cem anos da Guerra do Contestado, um dos grandes conflitos rurais do Brasil que aconteceu entre os anos de 1912 a 1916. Num primeiro momento busca-se fazer uma análise dos aspectos geopolíticos da região procurando salientar o processo de povoamento. Para entender o momento atual este trabalho tenta caracterizar o homem do Contestado, aspectos econômicos da região, bem como a estruturação social responsável pelos mecanismos de poder altamente centralizados. Torna-se importante ressaltar que, dentro desta estrutura, é evidente a falta de instrução, de escolas, de meios de comunicação, assim como a presença de um homem revoltado por falta de justiça.Os pobres ligavam-se aos mais abastados por motivos econômicos, sentimentais e político. A educação, neste momento, acompanhou as mudanças da época, servindo de sustentáculo à estrutura social dominante. Dentro desta realidade é que se estrutura o processo de educação dos camponeses do Contestado. E esta dominação tem perpassado gerações, sendo o processo educacional formal e informal voltado para a passividade, ou seja, para uma adaptação ao mundo, em vez de tornar os homens sujeitos históricos, arquitetos e conceptores de projetos voltados às mudanças sociais. O movimento social do Contestado aconteceu dentro de uma estrutura de dominação que se perpetuou através das gerações, influindo na educação do homem desta região. O que se observa nesta sociedade são ações centralizadoras, marcos do processo de educação opressora que se reproduz nesta sociedade até os dias atuais. Neste ambiente, são os homens alienados, sendo marcadas pelo terror branco que gera a cultura do medo e do silêncio. Os marginalizados são vítimas e consequências desta sociedade opressora. Para não despertá-los para a busca de seus direitos, é necessário educá-los para que se tornem passivos e domesticados. Esta lógica instituída na educação formal e informal da região faz parte do passado e da realidade presente. A história da região transmitida através dos tempos foi a história oficial, ou seja, a história do Estado trabalhada numa perspectiva positivista, enaltecendo heróis, fatos, famílias tradicionais, coronéis e, relegando a maioria da população a meros coadjuvantes da “verdadeira história”.

https://doi.org/10.20396/rho.v13i54.8640175
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