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As crianças negras da Casa de São José no Rio de Janeiro (1888-1916)
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Palavras-chave

História das instituições educacionais
Relações raciais
Casa de São José
Decolonialidade.

Como Citar

CASELI, Thaysa Segal; SOARES, Jefferson da Costa. As crianças negras da Casa de São José no Rio de Janeiro (1888-1916): relações raciais no debate sobre a educação. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 19, p. e019034, 2019. DOI: 10.20396/rho.v19i0.8653278. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8653278. Acesso em: 1 maio. 2024.

Resumo

Neste artigo apresentamos resultados de uma pesquisa de mestrado em Educação que investigou a relação entre a população negra e a escola, através das experiências de alunos da Casa de São José. A partir da análise documental dos registros escolares desta instituição, espaço de profissionalização no Rio de Janeiro, criado três meses após a Abolição, foi possível verificar o desenvolvimento do perfil racial dos alunos, que em sua origem contava com uma representação de alunos negros superior à de brancos. Com base em Mattos (2013) e Müller (2003) o clareamento percebido na evolução das matrículas, após a primeira década de funcionamento, foi compreendido por um lado como estratégia de distanciamento dos estigmas da escravidão, por outro como branqueamento, em razão da criação de estratégias não anunciadas que impediam o acesso de pessoas que se distanciavam dos padrões físicos e culturais desejados. Os pensamentos decoloniais influenciaram as interpretações acerca de tais práticas universalistas, tendo em vista que o padrão de poder eurocentrado, construído aos poucos pelos colonizadores e perpetuado mesmo após a descolonização, era exercido em nome da tentativa de homogeneização cultural, histórica, social, política, econômica, através de estruturas de controle que utilizaram a raça como base de classificação.

https://doi.org/10.20396/rho.v19i0.8653278
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