Resumo
A proposta deste texto é apresentar e discutir os dados obtidos com uma pesquisa que fez experiências de criação de brinquedos e brincadeiras com crianças de cinco a seis anos em um espaço escolar. A investigação consistiu na elaboração e aplicação das “Oficinas de Brincar”, com o objetivo de promover encontros presenciais que levassem as crianças a construir brinquedos com materiais reciclados e caracterizá-los por meio de respostas a fichas de observação previamente elaboradas. Após a análise, os dados levantados foram discutidos, levando em conta se os brinquedos teriam resultado da reprodução de objetos previamente existentes no universo dos brinquedos infantis, ou se transpassariam para o universo da invenção, segundo leituras de Benjamin (1984), Kishimoto (1992) e Leite (2013). Observamos, contudo, mesmo nos casos de semelhanças com objetos já existentes, o processo criativo e construtivo da criança permanece atuante e significativo quando os brinquedos criados são nomeados e utilizados em novas brincadeiras. Deste modo, a brincadeira pode ser concebida como uma forma de expressão da criança frente a suas fantasias, realidades e desejos, e o brinquedo como um facilitador do processo inventivo e significativo das crianças.
Referências
ABRAMOWICZ, A. Infâncias em Educação Infantil. Pro-Posições, v. 20, p. 1-15, 2009. Impresso.
ABRAMOWICZ, A.; MORUZZI, A. B. Infância na contemporaneidade: questões para os estudos sociológicos da infância. Crítica Educativa, v. 2, p. 25, 2016.
AGAMBEN, G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2005.
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Obras Escolhidas, v. 1).
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e o brincar, a educação. São Paulo: Duas Cidades, 2002.
BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984.
BORBA, A. M. O brincar como... In: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ensino fundamental de 9 anos. 2. ed. Brasília, 2007. p. 33-45.
BUARQUE DE HOLLANDA, C. João e Maria. In: CANÇADO, B. (Org.). Aquarela brasileira. Brasília: Corte, 1995.
CAMPOS, J. G. C. Métodos de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev. Bras. Enferm, Brasília, DF, v. 57, n. 5, p. 611-614, set./out. 2004.
KISHIMOTO, O jogo e a educação infantil. Perspectiva, Florianópolis, n. 22, p. 105-128, jul. 1992.
LEITE, C. D. P. Infância, brinquedo e linguagem: entre recortes e montagens. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, n. 20, p. 45-63, maio/out. 2013.
LEITE, C. et al. Linguagens e imagens: educação e políticas de subjetivação. Rio de Janeiro: De Petrus et Alii, 2014.
MIGLIORIN, C. Inevitavelmente Cinema: educação, política e mafuá. RJ: Beco do Azougue, 2015.
MONTEIRO LOBATO, J. B. R. Reinações de Narizinho. 51. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
SCHLESENER, A. H. Arte e educação: observações acerca de a obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. InCantare, Curitiba, v. 6, p. 7-28, 2014.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.
WAJSKOP, G. O brincar na educação infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 92, p. 62-69, 1995. (Fundação Carlos Chagas. Impresso).
WINNICOTT, D. W. O Brincar e a realidade. Tradução: José Octavio de Aguiar Abreu, Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2021 Talita Santoro, Alan Costa