Resumo
A produção da artista Ana Maria Tavares é lembrada pelo diálogo crítico que estabelece com a construção do espaço contemporâneo, especialmente com a arquitetura e o design. Se nas décadas de 1990 e 2000 suas propostas colocavam em questão a configuração dos espaços de trânsito e consumo e suas bem arquitetadas “armadilhas”, a última década marca uma redefinição em sua trajetória. Através da análise da exposição Atlântica Moderna: Purus e Negros, realizada em 2014 no Museu da Vale em Vitória-ES, investigamos o significado da incorporação de peças feitas em crochê em sua produção. Tomando como referência importante a obra da arquiteta Lina Bo Bardi, e em especial seu encontro com o “pré-artesanato” nordestino, Tavares atribui novas camadas à visão política e antropológica que a arquiteta tinha frente ao popular nos anos 1960, incorporando questões que envolvem as relações entre arquitetura, paisagem e natureza.
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