Resumo
O artigo “Tempo andante da intervenção urbana: relações temporais nas obras “Imagens Posteriores”, “Giganto” e “Polaroides (in)visíveis” é resultado das reflexões sobre o tempo em três intervenções urbanas que se utilizam da fotografia. Coloco-me diante das imagens e dos documentos-signo das obras “Imagens Posteriores” (2000-2013) de Patricia Gouvêa, “Giganto” (2009-2013) de Raquel Brust e “Polaroides (in)visíveis” (2005-2011) de Tom Lisboa, conforme proposição do filósofo e historiador da arte Georges Didi-Huberman (1998, 2013, 2015), de onde emerge um cruzamento temporal entre passado, presente e futuro. Este cruzamento se dá na percepção das linhas de tempo propostas pelo filósofo Gilles Deleuze (1987): “tempo que se perde”, “tempo perdido”, “tempo que se redescobre” e “tempo redescoberto”. Além dessas, acrescenta-se o conceito de “tempo andante”, criado pela pesquisadora, que diz respeito à estrutura temporal que se dá na associação entre “tempo do acontecimento” e “espaço liso”. A percepção desses tempos desemboca na discussão dos cruzamentos temporais na relação com outras imagens da arte, da fotografia e da urbanidade, vistas de modo anacrônico no interior das obras, direncionando-se ao passado. E, ao futuro, no encontro com os olhares na cidade, fazendo emergir relações entre obra, artista e espectador, tanto no espaço urbano quanto no virtual.Referências
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