Resumo
Pretendemos, nesta resenha, analisar a exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, ocorrida no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP-SP) entre os dias 13 de outubro de 2020 e 22 de novembro de 2020. A exposição em questão, dando centralidade para os Parangolés de Oiticica, propõe uma leitura retrospectiva da obra heliana, cuja finalidade é buscar elementos coreográficos, performáticos e rítmicos, estruturantes dos Parangolés, já nas obras iniciais do artista carioca até as produções de 1979. À vista desta proposição e a partir de uma interpretação do que é exposto, sugerimos que o projeto curatorial: (a) propõe um ponto de vista instigante a respeito da obra do artista carioca, (b) enfrenta e indica respostas ao contraditório processo de consagração cultural e museológica do espólio de Oiticica e (c) constrói uma ligação articulada entre variados núcleos e projetos encontrados na trajetória do artista em questão. Por fim, defendemos que o recorte curatorial de Adriano Pedrosa e Tomás Toledo pode ser lido como uma resposta, intencional ou não, ao ensaio, de Michael Asbury, “O Hélio não tinha ginga”, e oferece uma abertura para pensarmos criticamente a relação do artista visual carioca com as culturas e artes populares e afro-brasileiras.
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