Resumo
É cada vez mais comum que as obras apresentadas em exposições periódicas sejam realizadas sob demanda e produzidas no próprio local de sua exibição. Este artigo propõem uma reflexão sobre a estrutura destes locais de exposição e suas consequências para o trabalho ali apresentado. Para isso tomo como referência histórica o conceito de trabalho in situ, desenvolvido por Daniel Buren e o resultado de seus trabalhos apresentados na documenta de Kassel em 1972 e na Bienal de São Paulo, nas edições de 1983 e 1985. O resultado deste processo aponta para a centralidade da figura do curador como responsável por uma obra de arte de novo tipo: a exposição. Esta reconfiguração do espaço social da arte, por sua vez, aponta para uma modificação estrutural do sistema da arte, marcado pela aceleração do tempo e fragmentação dos espaços expositivos, fenômeno frequentemente associado à expressão “bienalização” da arte contemporânea.
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