A história não é uma bruxa
PDF

Palavras-chave

Gilda de Mello e Souza
Dignidade do feminino
Crítica de arte brasileira
História feminista da arte

Como Citar

VALLE, Rafael do. A história não é uma bruxa: Gilda de Mello e Souza e a dignidade do feminino nas artes. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 526–561, 2023. DOI: 10.20396/modos.v7i2.8671317. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8671317. Acesso em: 16 jul. 2024.

Resumo

Neste artigo, discutiremos, a partir do confrontamento de seus ensaios e entrevistas, aquilo que a filósofa brasileira Gilda de Mello e Souza chamou de “miopia feminina”. Tal condição é fruto da cultura que condicionou as mulheres à certa produção artística e instaurou um processo criativo específico. Contudo, vemos que a autora não quer abandonar o que a história fez das mulheres, uma vez que fazer isso seria como destruir tudo que elas construíram no campo das artes. A partir disso, esboçaremos uma aproximação entre o pensamento da filósofa brasileira e a crítica feminista da história da arte. Ao fim, apresentaremos o contexto do qual parte Gilda de Mello e Souza, discorrendo sobre a condição da mulher no sistema acadêmico de sua época, a sua participação na revista Clima e a sua atuação profissional como professora de Estética no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo.

https://doi.org/10.20396/modos.v7i2.8671317
PDF

Referências

AGUILAR, N. A orientadora. In: MICELI, S; MATTOS, F. de (Orgs.). Gilda: a paixão pela forma. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2007, p. 191-198.

ANDRADE. M. de. Cartas a Murilo Miranda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

ANDRADE. M. de. Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral. Organização, introdução e notas de Aracy Amaral. São Paulo: Edusp; IEB/USP, 2001.

ARANTES, O. Notas sobre o método crítico de Gilda de Mello e Souza. Discurso, São Paulo, n. 35, p. 11-27, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2005.62567. Acesso em: 20 abr. 2023.

ARMSTRONG, C. Preface. In: ARMSTRONG, C.; ZEGHER, C. de (Eds.). Women artists at the millennium. Cambridge, MA: MIT Press, 2006, p. IX-XIV.

BASTIDE, R. Arte e Sociedade. Tradução de Gilda de Mello e Souza. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1945.

BATISTA, M. R. Anita Malfatti no tempo e no espaço: biografia e estudo da obra. São Paulo: Ed. 34; Edusp, 2006.

BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo. Volume 2. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960.

BENJAMIN, W. Sobre o conceito da História. In: _____. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas. Volume 1. São Paulo: Editora Brasiliense, 1996, p. 222-232.

BLAY, E. A.; LANG, A. B. da S. G. Mulheres na USP: horizontes que se abrem. São Pulo: Associação Editorial Humanitas, 2004.

BRITO, M. da S. História do Modernismo Brasileiro I: antecedentes de Semana de Arte Moderna. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

CHAUI, M. A dignidade do feminino. In: MICELI, S.; MATTOS, F. de (Orgs.). Gilda: a paixão pela forma. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2007, p.23-49.

CHAUI, M. Gilda e Clarice: a dignidade do feminino. Revista Ideação, Feira de Santana, n. 42, p. 11-21, jul./dez., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.13102/ideac.v1i42.5956. Acesso em: 20 abr. 2023.

COUTO, M. de F. M. Caminhos e descaminhos do modernismo brasileiro: o “confronto” entre Anita e Tarsila. Esboços: histórias em contextos globais, Florianópolis, v. 15, n. 19, p. 125-150, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-7976.2008v15n19p125. Acesso em: 20 abr. 2023.

FABBRINI, R. Pintura e Nacionalidade segundo Gilda de Mello e Souza. Revista-Valise, Porto Alegre, v. 6, n. 12, ano 6, p. 107-128, dez., 2016. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaValise/article/view/70186. Acesso em: 20 abr. 2023.

FERNANDES, F. A moda no século XIX. Revista Anhembi, São Paulo, n. 25, p. 139-40, dez., 1952.

GALERIA SUSANA SASSON. Exposição de Ester Grinspum. São Paulo: Galeria Susana Sasson, 1984. (Catálogo da exposição).

GINZBURG, C. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 143-179.

IONTA, M. As Cores da Amizade: Cartas de Anita Malfatti, Oneyda Alvarenga, Henriqueta Lisboa e Mario de Andrade. Tese (Doutorado em História) – Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.

KERN, D. P. M. A vocação historiográfica da história feminista da arte. Paralelo 31, Pelotas, n. 14, p. 48-63, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/paralelo/article/view/20497. Acesso em: 20 abr. 2023.

KORSMEYER, K. Gender and Aesthetics: an introduction. New York; London: Routledge: 2004.

LISPECTOR, C. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2020.

LOBATO, M. Paranoia ou mistificação? A propósito da Exposição Malfatti. In: _____. Ideias de Jeca Tatu. São Paulo: Globo, 2008, p. 52-53.

LOUREIRO, R. Boi Tema. Rio de Janeiro: Philobiblion; São Paulo: Edusp, 1987.

MICELI, S.; MATTOS, F. de (Orgs.). Gilda: a paixão pela forma. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2007.

MUSEU DA INCONFIDÊNCIA. Cerâmica de Sara Carone. Ouro Preto: Museu da Inconfidência, jul.-ago., 1992. (Catálogo da exposição).

MUSEU LASAR SEGALL. O modernismo: pintura brasileira contemporânea de 1917 a 1930. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1975. (Catálogo da exposição).

NOCHLIN, L. Why have there been no great women artists?. In: _____. Women, art, and power and other essays. New York; London: Routledge: 2018, p. 145-178.

NOCHLIN, L. “Why have there been no great women artists?” Thirty years after. In: ARMSTRONG, C.; ZEGHER, C. de (Eds.). Women artists at the millennium. Cambridge, MA: MIT Press, 2006, p. 21-32.

PEIXOTO, F. A. Diálogos brasileiros: uma análise da obra de Roger Bastide. São Paulo: Edusp, 2000.

POLLOCK, G. Differencing the canon: feminism and the writing of art’s histories. London; New York: Routledge, 2013.

POLLOCK, G.; PARKER, R. Old Mistresses: women, art and ideology. London; New York: I.B. Tauris, 2013.

PONTES, H. A paixão pelas formas. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 87-105, mar., 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-33002006000100006. Acesso em: 20 abr. 2023.

PONTES, H. Destinos Mistos: os críticos do grupo Clima em São Paulo (1940–1968). São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

PRADO JÚNIOR, B. Narciso e o colecionador ou o ponto cego do criador. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 43, p. 9-36, set., 2006. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i43p9-36. Acesso em: 20 abr. 2023.

QUEIROZ, M. I. P. de. Uma nova interpretação do Brasil: a contribuição de Roger Bastide à sociologia brasileira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 20, p. 101-121, 1978. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i20p101-121. Acesso em: 20 abr. 2023.

RAMOS, S. Nunca houve uma mulher como Gilda de Mello e Souza. Revista Ideação, Feira de Santana, n. 42, p. 54-65, jul./dez., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.13102/ideac.v1i42.5768. Acesso em: 20 abr. 2023.

ROCHA, G. de M. Armando deu no macaco. Clima, São Paulo, n. 7, p. 89-95, dez., 1941a.

ROCHA, G. de M. Rosa pasmada. Clima, São Paulo, n. 12, p. 79-89, abr., 1943.

ROCHA, G. de M. “Week-end” com Teresinha. Clima, São Paulo, n. 1, p. 76-103, maio, 1941b.

SCHWARTZ, M. Personae: fotos e faces do Brasil. São Paulo: Funarte: Companhia das Letras, 1997.

SIMIONI, A. P. C. Mulheres modernistas: estratégias de consagração na arte brasileira. São Paulo: Edusp, 2022.

SIMIONI, A. P. C. Profissão artista: pintoras e escultoras acadêmicas brasileiras. São Paulo: Edusp; FAPESP, 2019.

SOUZA, G de M. e. A Estética rica e a Estética pobre dos professores franceses. In: _____. Exercícios de leitura. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2009a, p. 9-41.

SOUZA, G. de M. e. As migalhas e as estrelas. In: _____. A ideia e o figurado. São Paulo: Duas Cidades, Ed. 34, 2005a, p. 91-94.

SOUZA, G. de M. e. Discurso de emérita. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014a, p. 209-213.

SOUZA, G. de M. e. Entrevista a Augusto Massi. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014b, p. 89-112.

SOUZA, G. de M. e. Entrevista a Eva Alterman Blay e Alice Beatriz da Silva Gordo Lang. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014c, p. 63-73.

SOUZA, G. de M. e. Entrevista a Nelson Aguilar. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014d, p. 75-84.

SOUZA, G. de M. e. Entrevista a Walnice Nogueira Galvão. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014e, p. 37-61.

SOUZA, G. De M. e. Feminina, táctil, musical. In: _____. A ideia e o figurado. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2005b, p. 139-142.

SOUZA, G. de M. e. O espírito das roupas: a moda no século dezenove. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras; Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2019.

SOUZA, G. de M. e. OG, de Adalgisa Nery. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014f, p. 153-155.

SOUZA, G. de M. e. O lustre. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014g, p.157-163.

SOUZA, G. de M. e. Os passos da criação. In: _____. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014h, p. 187-188.

SOUZA, G. de M. e. O vertiginoso relance. In: _____. Exercícios de leitura. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2009b, p. 97-112.

SOUZA, G. de M. e. Rita Loureiro reinventa a pintura. In: _____. A ideia e o figurado. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2005c, p. 125-137.

SOUZA, G. de M. e. Uma artista exemplar. In: _____. A ideia e o figurado. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2005d, p. 143-144.

SOUZA, G. de M. e. Vanguarda e nacionalismo na década de 20. In: _____. Exercícios de leitura. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2009c, p. 305-344.

SOUZA, G. de M. e; CANDIDO, A. Entrevista à Equipe do IEB. In: SOUZA, G. de M. e. A palavra afiada. Organização, introdução e notas de Walnice Nogueira Galvão. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014, p. 113-136.

TRIZOLI, T. O caso Lobato x Malfatti: contendas de gênero e estética na década de 1920 no Brasil. 19&20, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, n.p., jul./dez., 2014. Disponível em: http://www.dezenovevinte.net/criticas/amalfatti_lobato.htm. Acesso em: 20 abr. 2023.

TVARDOVSKAS, L. Teoria e crítica feminista nas artes visuais. In: FERREIRA, M. de M. (Org.). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História. São Paulo: ANPUH, 2011, p. 1-16. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300400176_ARQUIVO_Teoriaecriticafeministanasartesvisuais.pdf. Acesso em: 20 abr. 2023.

WOOLF, V. A room of one’s own. Edited by David Bradshaw and Stuart N. Clarke. Malden, MA: John Wiley; Blackwell, 2015.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Rafael do Valle

Downloads

Não há dados estatísticos.