Febre feminista
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Palavras-chave

Arte
Feminismo
Curadoria
Sistema das artes
Arte política

Como Citar

TRIZOLI, Talita. Febre feminista: paradoxos das exposições de mulheres no Brasil. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 163–210, 2023. DOI: 10.20396/modos.v7i2.8672099. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8672099. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

É possível verificar que já há cerca de seis/sete anos no Brasil vive-se uma febre midiática do feminismo em sua multiplicidade de abordagens e agendas. Especificadamente no campo da cultura, ou melhor, no sistema das artes, esse período proporcionou uma onda de exposições em artes visuais, de pequeno a grande porte, em grandes centros artísticos e territórios periféricos, que seguem desde o aporte fragmentado da exposição francesa Elles, do acervo do Centro Georges Pompidou, passando pela itinerância de Mulheres Radicais na Pinacoteca do Estado de São Paulo, até a mais recente empreitada do Museu de Arte de São Paulo com Histórias Feministas. Tomando tais manifestações, e os estudos locais e recentes de história da arte, crítica e feminismos e gênero nas artes, procuro aqui estabelecer algumas linhas de forças dessas negociações narrativas curatoriais, e alguns paradoxos aparentemente indissolúveis que tais mostras levantam.

https://doi.org/10.20396/modos.v7i2.8672099
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