Resumo
William Beckford (1760-1844) é uma personalidade fascinante da cultura inglesa na transição do século XVIII para o século XIX, celebrizado pelo modo como exibia a sua imensa riqueza, pelo escândalo provocado pela sua denunciada homossexualidade, mas também pelas obras literárias que escreveu, particularmente Vatheck, onde manifesta a atracção e o gosto pelo exotismo orientalista, característico da estética romântica. Este homem extraordinário - que, na infância, tocou piano com Mozart, foi aluno do arquitecto William Chambers e do pintor Alexandre Cozens – aportou a Lisboa, em 1787, interrompendo uma viagem apenas começada que o devia ter conduzido à Jamaica onde residia o essencial da riqueza da família. Durante esta primeira estadia, entre 1787 e 1788, Beckford manteve um diário que publicou parcialmente, com consideráveis alterações, quase no final da vida (Italy; with Sketches of Spain and Portugal, 1834). Em 1954, Boyd Alexander, o seu mais importante biógrafo, publicou The Journal of William Beckford in Portugal and Spain, 1787-88, divulgando, pela primeira vez a fonte de onde os Sketches foram retirados. Neste trabalho, utilizarei a tradução portuguesa do referido Journal (realizada por João Gaspar Simões e revista para a 2ª edição de 1983) para detectar a imagem de Lisboa que ele nos propõe. Surpreendentemente, Beckford parece não ter compreendido a reconstrução de Lisboa depois do Terramoto a que, aliás, nunca se refere.
Referências
ARAÚJO, A. O Palácio neogótico de Monserrate e a sua leitura ao longo do pré-romantismo (1791-1836)’ In: Romantismo - Sintra nos itinerários em movimento. Actas do I Congresso Internacional de Sintra sobre o Romantismo. Sintra: Instituto de Sintra, 1988.
ARGAN, G.C. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
DIÁRIO DE WILLIAM BECKFORD EM PORTUGAL E ESPANHA. Introdução e notas de Boyd Alexander. Tradução de João Gaspar Simões. 2ª edição. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1983.
FARIA, M.F. A Praça Real do Tejo. In: Praças reais. Passado, presente e futuro. Colóquio Internacional. Lisboa: Livros Horizonte, 2006.
GOITIA, F.C. Breve história do urbanismo. Lisboa, Presença, 1996 (1ª ed. 1982).
LYNCH, K. A imagem da cidade. Lisboa: Ed. 70, 1982.
MATOS, J.S.; PAULO, J.F. Caminho do Oriente. Guia histórico. Vol. II. Lisboa: Livros Horizonte, 1999, p.115-121.
MATOS, J. M. O Palácio de Castelo Melhor, Monumentos. Revista semestral de Edifícios e Monumentos, n. 11. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1999, p. 14-19.
MUSEU DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Do Palácio de Belém. Catálogo de exposição. Comissariado de Diogo Gaspar. Lisboa: Museu da Presidência da República, 2005.
PIRES, M. L. B. William Beckford e Portugal. Lisboa, Edições 70: 1987.
RAMOS, L. de O. D. Maria I. Col. Reis de Portugal. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores, 2010.
SEQUEIRA, G.M. O Carmo e a Trindade. 1º vol. Lisboa: Câmara Municipal, 1939.
SILVA, R. H. da. Lisboa romântica. Urbanismo e Arquitectura, 1777-1879. Tese de doutoramento em História da Arte. Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 1997.
WATKIN, D. Beckford, Soane and Hope. The psychology of the collector. In: OSTERGARD, D.R. (ed.). William Beckford 1760-1844: an eye for the magnificent. New Haven and London: Yale University Press, 2002.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 MODOS