Cartografia imaginária e geopolítica das artes
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Palavras-chave

Bienal de São Paulo
Centro e periferia
Abstração informal
Modernismo
Paris

Como Citar

ROSA, Marcos Pedro Magalhães. Cartografia imaginária e geopolítica das artes: as Bienais de São Paulo da década de 1950, Paris e as periferias do mundo artístico. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 5, n. 2, p. 253–270, 2021. DOI: 10.20396/modos.v5i2.8664153. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8664153. Acesso em: 29 mar. 2024.

Resumo

Baseado nos catálogos das Bienais de São Paulo da década de 1950, identifico uma dominação artística francesa sobre o mundo “ocidental”, articulada na forma pela qual se narrava e pela qual se entendia a história da arte do século XX. Nesses discursos, a cidade de Paris figurava como um símbolo, internacionalmente compartilhado e capaz de indexar toda a história da arte moderna. A quinta Bienal (1959) é um evento crítico, no qual a França se recusou a participar com obras do século XX. Uma ausência institucional, que não correspondeu ao elevado número de citações que a cidade luz obteve nos textos de vários outros países, como, por exemplo, os EUA. Foi nessa meia-ausência de Paris, que uma produção jovem, aficionada pelas manchas e pelos gestos evidentes, dominou o evento tornando difícil, a diversos observadores, distinguir onde começava e onde terminava a delegação de cada nação e levando esse evento a ser apelidado de “Bienal Tachista”. Essa homogeneidade possibilitou às regiões periféricas se apresentarem, pela primeira vez, confiantes de que suas produções não denunciavam mais um déficit em relação às grandes potências.

https://doi.org/10.20396/modos.v5i2.8664153
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