Resumo
O artigo analisa o projeto curatorial da 33ª Bienal de São Paulo a partir de sua estrutura conceitual. Para isso, desenvolve uma análise que confronta as duas principais referências da curadoria: Afinidades eletivas, de Goethe, e Da natureza afetiva da forma na obra de arte, de Mário Pedrosa. Ao apontar o que considera ser uma amputação conceitual que escamoteia contextos, intenções e complexidades por parte da curadoria, o texto desenvolve uma reflexão sobre o quanto o gesto curatorial dissipa sua intenção de horizontalidade ao performar e reiterar um exercício de poder e autoridade. Tal aspecto se reforçaria pela mobilização de uma espécie de pedagogia democrática que, partindo da experiência da arte, apostou na “dissolução das identidades” e no “avanço além dos discursos identitários” como seu horizonte político. Defendendo que a arte não se dá como instância à parte de seus contextos sociais, a autora discute que a aposta curatorial na relação entre sujeito e objeto de arte resultou em um projeto conservador, por não ter levado em conta a complexidade das construções históricas que constituem e circunscrevem tanto um quanto outro.
Referências
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