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Resíduos de agrotóxicos no leite humano e seus impactos na saúde materno-infantil: resultados de estudos brasileiros
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Palavras-chave

Agrotóxicos. Leite humano. Amamentação. Neonatos. Defeitos congênitos.

Como Citar

MENCK, Vanessa Fracaro; COSSELLA, Kathleen Grace; OLIVEIRA, Julicristie Machado de. Resíduos de agrotóxicos no leite humano e seus impactos na saúde materno-infantil: resultados de estudos brasileiros. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, SP, v. 22, n. 1, p. 608–617, 2015. DOI: 10.20396/san.v22i1.8641594. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/8641594. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Os resíduos de alguns agrotóxicos podem ser detectados muitos anos após a exposição devido a sua alta estabilidade e característica lipossolúvel. O leite humano é um bom indicador da exposição ambiental e materna em decorrência da sua representativa fração lipídica e consequente presença de diversos xenobióticos. O objetivo deste artigo foi sistematizar os estudos brasileiros que avaliaram os resíduos de agrotóxicos no leite humano, que estimaram a exposição de gestantes e lactantes aos agrotóxicos e sua relação com desenvolvimento de defeitos congênitos. Os estudos foram identificados utilizando-se as seguintes palavras-chave (e seus equivalentes em inglês): “agrotóxicos”, “pesticidas”, “leite materno”, “leite humano”, “gestante”, “recém nascido” e “Brasil”. Foram selecionados 21 estudos, e em todos foi detectada a presença de ao menos um resíduo de agrotóxico no leite humano. Mulheres que tiveram maior número de gestações e que amamentaram por período mais longo apresentaram menores quantidades de resíduos. Exposição ocupacional e dieta rica em alimentos de origem animal, assim como a menor renda e escolaridade dos pais, estão possivelmente associadas a maiores concentrações de resíduos. A exposição durante a gestação mostra-se mais nociva ao desenvolvimento fetal.

https://doi.org/10.20396/san.v22i1.8641594
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