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Revelação ou entendimento: alguns apontamentos sobre a tradução de textos religiosos
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Palavras-chave

Tradução de textos religiosos. Martinho Lutero. Eugene Nida. Franz Rosenzweig. Martin Buber

Como Citar

ESTEVES, Lenita Maria Rimoli. Revelação ou entendimento: alguns apontamentos sobre a tradução de textos religiosos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 50, n. 2, p. 235–256, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645309. Acesso em: 8 out. 2024.

Resumo

O trabalho sugere que existem pelo menos duas estratégias bastante distintas para abordar a tradução de textos religiosos: a primeira busca dar acesso ao leitor em termos de entendimento, aproximando o texto religioso da cultura para a qual ele está sendo traduzido. A segunda estratégia é nutrida por uma ênfase na iluminação, na revelação, numa clarividência que não necessariamente passa pelo raciocínio, mas que pode ser proporcionada pela transmissão de características da língua que não pertencem ao campo dos sentidos e têm a ver com a materialidade da língua: ritmo, assonâncias, aliterações. As duas estratégias, numa primeira análise, parecem não só se opor diametralmente, mas também reforçar uma dicotomia talvez tão ou mais antiga que os próprios textos em estudo: aquela que opõe espírito (ou conteúdo) a letra (forma). No entanto, como já poderíamos suspeitar, as coisas não são tão simples assim... O trabalho apresentará algumas manifestações dessas duas tendências ao longo da história, problematizando a dicotomia e buscando delimitar que éticas informaram cada esforço de tradução

ABSTRACT This paper suggests the existence of at least two very different strategies in the translation of religious texts: one is based on understanding and aims at accommodating the religious text to the culture into which it is translated. The second strategy is nourished by an emphasis on illumination, on revelation, on an insight that does not necessarily demand reasoning, but rather the transmission of certain linguistic characteristics not belonging to the realm of meaning: rhythm, assonances, alliterations. At first sight, the two strategies are radically different, stressing a dichotomy that is perhaps even older than the texts being studied − that opposing spirit to letter (or content to form). However, as one might expect, things are not so simple. The work will present some manifestations of these two tendencies along history, questioning the dichotomy itself and trying to identify what kind of ethic informed each translation effort.

Keywords: translation of religious texts; Martin Luther; Eugene Nida; Franz Rosenzweig; Martin Buber.

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