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Traduzir contra o esquecimento
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Como Citar

SILVA, Daniel do Nascimento. Traduzir contra o esquecimento. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 50, n. 2, p. 509–527, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645325. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Ao sentar para ler o jornal Folha de S. Paulo de 20 de setembro de 2011, tenho minha atenção tomada pela curiosa manchete de uma notícia do caderno de ciência: “Língua portuguesa esconde a ciência nacional”. Logo me pergunto: como uma língua nacional poderia ocultar a produção daquele país? A pergunta, pensei de imediato, requer que se leve em conta a geopolítica das línguas, onde o inglês figura não só como língua franca, mas como ícone de poder. A matéria, assinada pela jornalista Sabine Righeti, parte do pressuposto de que o inglês é a língua pela qual o saber científico circula na esfera global. A implicação pragmática nesse argumento é a de que escrever em português impede a circulação de ideias. Por meio de uma prática que é muito comum no jornalismo – a recontextualização de histórias –, a notícia articula fatos do mundo científico com falas de representantes de agências de pesquisa, bases de periódicos científicos e revistas científicas num mesmo texto. Assim, o fato de países como a Espanha publicarem mais no exterior do que o Brasil aparece ao lado de falas num seminário sobre periódicos brasileiros realizado pela Fapesp e no depoimento de um editor de periódico. Fatos e falas viajam de seu contexto especializado de origem para o jornal, e do jornal para a leitura e para a fala de sua comunidade interpretativa – tudo isso para provar a implicação que mencionei: produzir em português é ruim.
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