Banner Portal
Desregulamentando dicotomias: transletramentos, sobrevivências, nascimentos
PDF

Palavras-chave

transletramentos
sobrevivência
etnografia linguística.

Como Citar

LOPES, Adriana Carvalho; SILVA, Daniel Nascimento e; FACINA, Adriana; CALAZANS, Raphael; TAVARES, Janaína. Desregulamentando dicotomias: transletramentos, sobrevivências, nascimentos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 56, n. 3, p. 753–780, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8650275. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Este artigo propõe a noção etnográfica e situada de transletramentos. Argumentamos que transletramentos são práticas de uso social da escrita que replicam e deslocam experiências de socialização mediadas por essa tecnologia e adquiridas em diversas agências de letramento – portos de passagem como a escola, a igreja, a família, o grupo musical, os coletivos políticos. Baseados em evidência empírica de nossa pesquisa sobre letramentos, produção cultural e regimes metapragmáticos no Complexo do Alemão/RJ e no diálogo com Autor 4 e Autora 5 , jovens que transitam por diferentes espaço-tempos sociais, propomos ainda que transletramentos são metáforas importantes para entender a questão da sobrevivência. Ao extrapolar circunscrições como vida e morte, escola e sociedade, estado democrático e estado penal, a sobrevivência nos permite trazer à tona reflexões sobre as estratégias que os sujeitos subalternizados encontram para escrever as suas próprias histórias.

PDF

Referências

ALVES, Nilda. (2010). A compreensão de políticas nas pesquisas com os cotidianos: para além dos processos de regulação. Educação & Sociedade v.31, n.113, pp. 1195-1212.

ANZALDÚA, Gloria. (2000). Falando em línguas: uma carta para mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista de Estudos Feministas. v. 8, n. 1, pp. 229-236.

ARIAS, Arturo. org. (2001). The Rigoberta Menchu controversy. Minneapolis: University of Minnesota Press.

BARTON, D. and UTA, P. (2010). The anthropology of writing. Understanding textualy-mediated worlds. London, Continuum.

BAKHTIN, Mikhail. (1981). Forms of Time and of the Chronotope in the Novel. In: Holquist, Michael (org.) The Dialogic Imagination, Four Essays by M. M. Bakhtin. Austin: University of Texas Press, pp.84-258.

BAUMAN, R.; BRIGGS, C. (1990). Poetics and performance as critical perspectives on language and social life. Annual Review of Anthropology, v. 19, pp. 59-88.

BAUMAN, R.; BRIGGS, C. (2003). Voices of modernity: Language ideologies and the politics of inequality. Cambridge: Cambridge University Press.

BEHAR, Ruth; GORDON, Deborah. orgs. (1995). Woman Writing Culture. Berkeley: University of California Press.

BLOMMAERT. (2010). The Sociolinguistics of Globalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

BLOMMAERT, J. (2008). Grassroots literacies: Writing, identity and voice in Central Africa. London: Routledge.

BORBA, Rodrigo. (2016). O (des)aprendizado de si: transexualidades, interação e cuidado de si. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

BRIGGS, Charles. (2005). Communicability, Racial Discourse, and Disease. Annual Review of Anthropology, v. 34, pp. 269-291.

BRIGGS, Charles. (2007). Anthropology, Interviewing, and Communicability in Contemporary Society. Current Anthropology, vol. 48, n. 4, 2007c, pp. 551-580.

BURGOS, Elizabeth. (1993). Meu nome é Rigoberta Menchú e assim nasceu minha consciência. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

BUTLER, Judith. (1997). Excitable Speech: a Politics of the Performative. Londres e Nova York: Routledge.

BUTLER, Judith. (2005). Frames of war: When is life grievable? London: Verso Books.

CALDEIRA, Teresa. (2003). Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. Trad. Frank de Oliveira e Henrique Monteiro. 2.ed. São Paulo: Edusp/Editora 34.

CARR, E.; LEMPERT, M., orgs. (2016). Scale: Discourse and Dimensions of Social Life. Berkeley: University of California Press.

CASTILHO, Ataliba & Dino Pretti, orgs. (1987). A linguagem falada culta na cidade de S. Paulo: materiais para seu estudo. São Paulo: T. A. Queiroz/Fapesp, v. II.

CHEAH, Peng. (2003). Spectral Nationality: Passages of Freedom from Kant to Postcolonial Literatures of Liberation. Nova York: Columbia University Press, 2003.

CHEAH, Peng. (1999). Spectral Nationality: The Living On [sur-vie] of the Postcolonial Nation in Neocolonial Globalization. Boundary 2, v. 26, n. 3, pp. 225-252.

CLIFFORD, J. (1986). “On Ethnography Allegory.” In: Clifford, J.; Marcus, G. Writing Culture. The Poetics and Politics of Etnography. Los Angeles:University of California Press.

DERRIDA, Jacques. (1971). A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva.

DERRIDA, Jacques. (1977). Signature Event Context. Trad. Samuel Weber e Jeffrey Mehlam. Glyph, v. 1, pp. 172-197.

DERRIDA, Jacques. (1979). Living on/Border Lines. Trad. James Hulbert. In: Bloom et al. (orgs.) Deconstruction and criticism. London: Continuum, pp. 62-142

FACINA, A. (2014). Sobreviver e sonhar: reflexões sobre cultura e “pacificação” no Complexo do Alemão. In: Pedrinha, R. D.; Fernandes, M. A. (orgs.). Escritos transdisciplinares de criminologia, direito e processo penal: homenagem aos mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. Rio de Janeiro: Revan, pp. 39-48.

GARCEZ, Pedro. (2017). Conceitos de letramentos e a formação de professores de línguas. Texto inédito preparado para o II Seminário Letramento e Transdisciplinaridade, IEL/Unicamp, 29 e 30 de agosto de 2017.

IRVINE, Judith; GAL, Susan. (2000). Language ideology and linguistic differentiation. In: Kroskrity, Paul V., ed. Regimes of language: Ideologies, polities, and identities. James Currey Publishers, 2000, pp.35-84.

JACQUEMET, Marco. (2016). Transidioma. Revista da Anpoll v.1, n.40, pp. 19-32.

KLEIMAN, Angela B., Org. (1995). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado das Letras.

KROSKRITY, Paul V., org. (2000). Regimes of language: Ideologies, polities, and identities. James Currey Publishers.

LATOUR, Bruno. (1994). Jamais fomos modernos: ensaios de antropologia simétrica. São Paulo: Ed. 34.

LEVI, Primo. (1988). É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco.

LOPES, Adriana. (2011). Funk-se quem quiser no batidão negro da cidade carioca. Rio de Janeiro: Bom Texto.

LOPES, Adriana, SILVA, Daniel & FACINA, Adriana. (2014). Letramentos de ruptura: as escritas do funk carioca. Anais do V Colóquio Letramento e Cultura Escrita. Belo Horizonte: CEALE/UFMG, v. 1. p.1-9

MAHIRI, J. (2008) What they don’t learn in school. Literacy in the lives of urban youth. Whashington: Peter Lang.

MAIA, Junot. (2017). Fogos digitais: Letramentos de sobrevivência no Complexo do Alemão/RJ. Tese de doutorado em Linguística Aplicada, Campinas, IEL/Unicamp.

MOITA LOPES, L. P., org. (2013). Português no século XXI: Cenário geopolítico e sociolinguístico São Paulo: Parábola.

MORAGA, Cherríe & ANZALDÚA, Gloria. (Orgs.). This bridge called my back: writings by radical women of color. New York: Kitchen Table.

PINTO, Joana Plaza. (2013). Prefigurações identitárias e hierarquias linguísticas na invenção do português. In: Moita Lopes, L. P. (org.) Português no século XXI: ideologias linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, pp. 120-143.

ROCHA, Glauber. (1965). Deus e o Diabo na Terra do Sol. Vol. 1. São Paulo: Editora Civilização Brasileira.

ROJO, Roxane. (2009). Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola.

SIGNORINI, Inês. (2002). Por uma teoria da desregulamentação lingüística. In: Bagno, Marcos (org.). A linguística da norma. São Paulo: Edições Loyola, pp. 93-125.

SIGNORINI, Inês. (2004). Invertendo a lógica do projeto escolar de esclarecer o ignorante em matéria de língua. Scripta v.7, n. 14, pp. 90-99.

SILVERSTEIN, M; URBAN, G. (1996). Natural histories of discourse. Chicago: University of Chicago Press.

SILVERSTEIN, Michael. (1979). Language structure and linguistic ideology. In: Clyne, P.; Hanks, W. & Hofbauer, C. (orgs.) The elements: a parasession on linguistic units and levels. Chicago: Chicago Linguistic Society, pp.193-247.

SILVERSTEIN, Michael. (2003). Indexical Order and the Dialectics of the Sociolinguistic Life. Language and Communication, v. 23, pp. 193-229.

SOUZA, Ana Lúcia Silva. (2011). Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola.

STREET, Brian. (2009). Ethnography of writing and reading. In: Olson, D. R. & Torrance, N. (orgs.) The Cambridge handbook of literacy. Cambridge: Cambridge University Press, pp.329-345.

STREET, Brian. (2014). Letramentos sociais. São Paulo: Parábola.

THOMAS, Sue et al. (2007). Transliteracy: Crossing divides. First Monday. Disponível em: <http://journals.uic.edu/ojs/index.php/fm/article/view/2060/1908>. Último acesso: 30 out. 2017.

VENTURA, Zuenir. (1994). Cidade Partida. São Paulo: Cia. das Letras.

WOOLF, Virginia. (2014 [1928]). Uma quarto só para si. Trad. Bia Nunes de Souza. São Paulo: Tordesilhas.

WORTHAM, Stanton; REYES, Angela. (2015). Discourse Analysis Beyond the Speech Event. Londres: Routledge.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2019 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.