Banner Portal
Sincretismo religioso como estratégia de sobrevivência transnacional e translacional: divindades africanas e santos católicos em tradução
PDF

Palavras-chave

Sincretismo religioso. Estratégia de sobrevivência. Tradução.

Como Citar

ROMÃO, Tito Lívio Cruz. Sincretismo religioso como estratégia de sobrevivência transnacional e translacional: divindades africanas e santos católicos em tradução. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 57, n. 1, p. 353–381, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8651758. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

A chegada dos colonizadores portugueses na então Pindorama, que mais tarde se chamaria Brasil, representou a eclosão de severos atos de violência contra diversos grupos populacionais, notadamente os muitos povos indígenas habitantes naturais desta terra e as dezenas de etnias africanas sequestradas para o Brasil como escravos e destituídas de seus direitos fundamentais. Embora estivessem misturados em grupos étnicos variados, os africanos, apesar dos sofrimentos e das sevícias de que eram vítimas, buscaram – de forma consciente ou inconsciente – soluções práticas para resolverem problemas cotidianos, como o exercício de seus rituais religiosos. Ao longo do tempo, foram familiarizados com o contexto católico e assim puderam inferir transferências, adaptações e recriações culturais e religiosas. Essa forma de traduzir dois mundos religiosos distintos ajudou-os a manter vivas suas tradições religiosas ancestrais, ainda que mescladas com o sistema hagiológico católico. Neste trabalho, nosso foco estará voltado para as noções de religiões afro-brasileiras propostas por Verger (1997) e Bastide (2001), e de religiões afro-cubanas por Aróstegui (1990). Por entendermos que os africanos realizaram um processo translatório em que o sincretismo atua como estratégia de sobrevivência transnacional e translacional, recorremos a algumas noções propostas por Bhabha (1994). Para exemplificarmos o sentido prático do sincretismo religioso tanto como processo quanto ato comunicativo e tradutório que se utiliza de diferentes fatores extratextuais e intratextuais, recorremos parcialmente ao arcabouço teórico de Nord (2016). Por fim, trazemos exemplos de traduções de romances de Jorge Amado em alemão, para mostrarmos a complexidade da tradução de termos religiosos afro-brasileiros.

PDF

Referências

ANDRADE, M. Macunaíma. O herói sem nenhum caráter. Lisboa: Antígona, 1998.

BASTIDE, R. Les religions africaines au Brésil. Paris: Presses Universitaires de France, 1960.

BASTIDE, R. O candomblé da Bahia. Trad. Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

BHABHA, H. The location of culture. Londres/Nova Iorque: Routledge, 1994.

BUENO, E. Náufrago, traficantes e degredados. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.

CACCIATORE, O. G. Dicionário de cultos afro-brasileiros. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988.

CAMINHA, P. V. A carta de Pêro Vaz de Caminha. Prefácio de Joaquim Veríssimo Serrão. Estudos de Manuela Mendonça e Margarida Garcez Ventura. Mafra: Mar de Letras Editora, 2000.

CASTANHA, M. Pindorama – Terra das Palmeiras. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

CUNHA, A. G. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília, 1999.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.

FOHR, D. Trance und Magie. Die afrobrasilianischen Religionen. Munique: Kösel, 1997.

FONSECA JR., E. Dicionário Yorubá (Nagô) – Português. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.

FREITAS, D. A revolução dos malês. Insurreições escravas. Porto Alegre; Movimento, 1985.

FREYE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro/São Paulo: editora Record, 2000.

GARCIA, J. M. O descobrimento do Brasil nos textos de 1500 a 1571. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MOURA, C. Dicionário da escravidão negra no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de São Paulo, 2004.

NORD, C. Análise Textual em tradução: bases teóricas, métodos e aplicação didática. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2016.

PENA, S. D. J. et al. Retrato molecular do Brasil. In: Revista Ciência Hoje. São Paulo: SBPC, 2000.

POMPA, C. Religião como tradução. Bauru, SP: EDUSC, 2003.

PRANDI, R. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

RAMOS, A. Ramos, A. O negro na civilização brasileira. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1956.

RAMOS, J. A. B. A insurgência escrava da Bahia. In: Anais do XXIX Simpósio de História Nacional. Contra os preconceitos: História e Democracia. Brasília: UnB, 2017.

REISS, K.; VERMEER, H.J. Fundamentos para una teoría funcional de la traducción. Tradução de Sandra García Reina e Celia Martín de León. Madrid: Ediciones Akal, 1996.

REISS, K.; VERMEER, H.-J. Grundlegung einer allgemeinen Translationstheorie. 2ª. ed. Tübingen: Niemeyer, 1991.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

ROMÃO, T. L. C. Definições de tradução e evolução dos estudos tradutórios. In: Marlene Mattes; Pedro Theobald. Ensino e Cultura Contemporânea. Fortaleza: Edições UFC, 2010.

TIBIRIÇÁ, L. C. Dicionário de topônimos brasileiros de origem tupi. Significado dos nomes geográficos de origem tupi. São Paulo: Traço Editora, 1985.

TIBIRIÇÁ, L. C. Dicionário tupi-português. Com esboço de gramática do tupi antigo. São Paulo: Traço Editora, 1984.

VERGER, P. F. Orixás. Deuses iorubas na África e no Novo Mundo. Salvador: Corrupio, 1997.

O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.