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Toda estória é uma narrativa? Gêneros de texto exemplum e episódio em livro didático de língua portuguesa
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Como Citar

GERHARDT, Carla Carine; FUZER, Cristiane. Toda estória é uma narrativa? Gêneros de texto exemplum e episódio em livro didático de língua portuguesa. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 1, p. 746–776, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8655272. Acesso em: 27 jul. 2024.

Resumo

Ao ler ou ouvir uma história ou uma estória, é natural a associação de sua organização textual à narrativa no contexto brasileiro. Entretanto, se levadas em conta determinadas características linguísticas que evidenciam o propósito sociocomunicativo e as etapas de gênero dos textos, nem sempre histórias ou estórias são contadas fazendo uso da narrativa. Para evidenciar isso, neste estudo, objetivamos apresentar características linguísticas que instanciam outros gêneros de texto usados para envolver ouvintes ou leitores, encontrados em livros didáticos de língua portuguesa. Tendo em vista a abordagem de gênero da Escola de Sydney (MARTIN e ROSE, 2008), utilizamos princípios da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), com foco no sistema léxico-gramatical de transitividade (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004, 2014)  e no subsistema de Atitude do sistema semântico-discursivo de Avaliatividade, (MARTIN; WHITE, 2005). Para análise, foram selecionados, nos livros didáticos “Português Linguagens” (CEREJA; MAGALHÃES, 2012) e “Projeto Teláris – Português” (BERTIN; BORGATO; MARCHEZI, 2012), 21 textos com potencial para instanciar os gêneros exemplum e episódio, tendo em vista  propósitos sociocomunicativos específicos, a estrutura esquemática e características linguísticas típicas de cada gênero de texto. A análise dos componentes oracionais da transitividade e das ocorrências de avaliações de Atitude em cada texto evidenciou 8 instanciações de exemplum e 13 de episódio. Nas instanciações de ambos os gêneros, foram identificadas orações materiais e relacionais para introduzir personagens nas fases cenário e descrição, as quais constituem a etapa Orientação. As diferenças situam-se no modo como o problema é respondido nas etapas: com Reação no episódio e Interpretação no exemplum. Além disso, para cumprir o propósito de cada gênero, as instanciações de exemplum apresentam mais avaliações de julgamento, enquanto as de episódio apresentam avaliações de afeto.

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