Banner Portal
(Des)abilitando Corpo e Consciência
PDF

Palavras-chave

Pós-humano
Corpo
Morte

Como Citar

DATTA, Asijit. (Des)abilitando Corpo e Consciência: posteridade Tecnológica e Após-Humanos em Realive e Upgrade. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 58, n. 2, p. 704–718, 2019. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8655529. Acesso em: 4 dez. 2024.

Resumo

Este artigo fala sobre espaços pós-humanos e pós-vida tecnológica associados à fisionomia dos humanos. A alteração mecânica no funcionamento biológico é experimentada diretamente na apreensão da consciência orgânica. A ruptura na consciência divide-a em duas partes distintas - uma pertencente ao humano em desaparecimento, a outra ao cibernético emergente. O novo ser não é mais um humano, mas (um) outro humano, uma similitude diversa evoluída. No filme Realive (2016), encontramos uma extensão de um self além da morte, quando colocado em outro corpo. Porém, esse aprimoramento torna difusas todas as reações “naturais” e veículos de significado, principalmente o conhecimento da morte e da mortalidade. Em uma restauração Frankensteiniana clássica, Marc é reanimado, em 2084, por métodos de criogenização, sob a bandeira do “Projeto Lázaro”. As “humáquinas” pós-humanas dissolvem a posição do humano teleológico, estendendo o DNA à digitalidade. Upgrade (2018) mostra a metamorfose de Gray Trace, um ludita, via um chip intensificador biomecânico nele instalado, Stem. O implante, semelhante a uma barata, não apenas apaga o corpo tetraplégico de Grey, mas, ironicamente, “deseja” possuir e manobrar o corpo do seu hospedeiro. A consciência robótica nesses depois-de-humanos assimilados é uma consciência emprestada, ativada pela infusão da partícula biológica evanescente – a vida. Nanotecnologia, máquinas moleculares, manipuladores de nervos, câmeras implantadas no cérebro, nanorrobôs autogeradores e membros artificiais surgem como elementos da utopia/distopia pós-humana. Paradoxalmente, em ambos os filmes, os protagonistas, após sua reanimação e upgrade, tentam retornar às suas posições originais de morte e deficiência física. Buscando recuperar o corpo vivido, eles perdem sua reciprocidade corporificada com animais, máquinas e outras formas de vida. A potencialidade misteriosa, irredutível, desconhecida e incognoscível da vida é nivelada e dissipada pelo excedente informacional. Este artigo tenta discutir as reações do corpo físico enquanto memória pós-criogenização e compreender os limites da incapacitação psicológica e da morte da consciência após a reconstrução tecnológica do corpo deficiente.

PDF

Referências

BAUMAN, Z. (1992). Mortality, Immortality and other Life Strategies. Oxford: Blackwell.

BRAIDOTTI, R. (2013). The Posthuman. Cambridge: Polity.

CAMERON, J. (1991). Judgement Day. TriStar Pictures.

GIL, M. (2016). Realive. Arcadia Motion Pictures.

GOMEL, E. (2014). Science Fiction, Alien Encounters, and the Ethics of Posthumanism: Beyond the Golden Rule. New York: Palgrave Macmillan.

HARAWAY, d. (1991). A Cyborg Manifesto: Science, Technology, and Socialist-Feminism in the Late Twentieth Century. New York: Routledge.

HAYLES, K. (1999). How We Became Poshthuman. Chicago & London: The University of Chicago Press.

Krüger, O. (2018). The Quest for Immortality as a Technical Problem: The Idea of Cybergnosis and the Visions of Posthumanism. In: Günter, B.; Kakar, S. (eds.), Imaginations of Death and the Beyond in India and Europe. Singapore: Springer, pp. 47-58.

NAYAR, P.K. (2014). Posthumanism. Cambridge: Polity.

Pepperell, R. (2003). The Posthuman Condition Consciousness beyond the brain. Bristol: Intellect.

SAGAR, K. (1994). The Challenge of Ted Hughes. London: St. Martin’s Press.

SHEEHAN, P. (2015), Posthuman Bodies. In: Hillman, D.; Ulrika, M. (eds.), The Cambridge Companion to the Body in Literature. New York: Cambridge University Press, pp. 245-260.

SMELIK, A. (2017). Film. In: Clarke, B.; Rossini, M. (eds.), The Cambridge Companion of Literature and the Posthuman. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 109-120.

VIRILO, P. (2005). Negative Horizons. London: Continuum.

VIRILO, P. (1977). Speed and Politics. Trad. Marc Politzzotti. Los Angeles: Semiotext(e), 2006

WALDBY, C. (2000). The Visible Human Project: Informatic bodies and posthuman medicine. London and New York: Routledge.

WHANNELL, L. (2018). Upgrade. Blumhouse Productions.

WOLFE, C. (2010). What is Posthumanism. Minneapolis: University of Minnesota Press.

WOWK, B. (2004). Medical Time Travel. In: Fowler, D.B.; Loew, J.; Tompkins, C.S. (eds.), The Scientific Conquest of Death Essays on Infinite Lifespans. Buenos Aires: LibrosEnRed, pp. 135-150.

O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.