Resumo
Os brinquedos, em sua miríade de versões, historicamente foram considerados objetos de investigação no que diz respeito ao seu uso e efeitos pedagógicos durante a brincadeira. No entanto, deve-se dizer que a pesquisa acadêmica na direção das configurações multimodais e dos potenciais de significado dos brinquedos é bastante escassa, apesar de alguns estudos relevantes na área (CALDAS-COULTHARD & VAN LEEUWEN, 2001, 2002, 2004; MACHIN & VAN LEEUWEN, 2009; ALMEIDA, 2006; 2008; 2009; 2014; 2017; 2018).) Metodologicamente, tentarei demonstrar como os sistemas de significação derivados da Gramática do Design Visual (GV), de Kress e van Leeuwen (2006), como o subsistema de modalidade (valor da realidade), quando combinados com outros conceitos, como a noção de tecnocracia da sensualidade de Varney (1999) e os conceitos de representacionalidade densa e apego tátil de Fleming (1996) se mostraram eficazes como instrumento teórico para a semiótica dos brinquedos, permitindo ir além da investigação da perspectiva bidimensional de suas propagandas, a fim de verificar configurações materiais como a textura, o cheiro, as possibilidades cinéticas e o grau de realismo dessas representações tridimensionais da infância. Por meio de lentes essencialmente linguísticas, acredito contribuir para a pesquisa em semiótica social através da articulação da análise dos aspectos linguísticos dos dados com a discussão de questões sociais mais amplas, tais como papéis de gênero, diversidade, representação e inclusão. Em suma, minha principal intenção é propor um olhar inovador e exploratório sobre os brinquedos, tanto como textos quanto como artefatos culturais carregados de ideologias.
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