Banner Portal
A escrita da redação do Enem por uma aluna haitiana
PDF

Palavras-chave

Capacidades de significação
Redação do Enem
Projeto Pró-Imigrantes

Como Citar

OLIVEIRA, Desirée de Almeida. A escrita da redação do Enem por uma aluna haitiana: a mobilização das capacidades de significação. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 2, p. 535–549, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8659692. Acesso em: 13 dez. 2024.

Resumo

Neste artigo, analisamos registros gerados em um estudo no contexto do projeto Pró-Imigrantes, que visa oferecer aulas preparatórias gratuitas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a refugiados e outros imigrantes potencialmente em situação de vulnerabilidade, residentes em Belo Horizonte (MG) e região metropolitana. Especificamente, analisamos três produções textuais, referentes à redação do Enem, elaboradas por uma aluna de nacionalidade haitiana e falante de português como língua adicional. Na análise, centramo-nos na mobilização das capacidades de significação (CRISTOVÃO; STUTZ, 2011) no processo de construção da argumentação. Esta pesquisa-ação, conduzida em sala de aula, embasa-se no arcabouço teórico do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999), no construto de capacidades de linguagem (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993), na concepção de sequência didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) e em noções sobre a redação do Enem (BRASIL, 2016; OLIVEIRA, 2019). A análise evidencia que, ao mobilizar as capacidades de significação, desenvolvidas no decorrer da implementação da sequência didática, a aluna fortaleceu, de modo expressivo, a argumentação nas produções textuais. As discussões sobre os resultados obtidos também contribuem para a área de Português como Língua de Acolhimento.

PDF

Referências

ACNUR. (2020). Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Global trends: forced displacement in 2019. Disponível em: <https://www.unhcr.org/news/press/2020/6/5ee9db2e4/1-cent-humanity-displaced-unhcr-global-trends-report.html>. Acesso em: 29 out. 2020.

BIZON, A. C. C. (2013). Narrando o exame Celpe-Bras e o convênio PEC-G: a construção de territorialidades em tempos de internacionalização. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas.

BIZON, A. C. C; CAMARGO, H. R. E. Acolhimento e ensino da língua portuguesa população oriunda de migração de crise no município de São Paulo: por uma

política do atravessamento entre verticalidades e horizontalidades. In: BAENINGER, R. et al. (Org.). Migrações Sul-Sul. Campinas: Núcleo de Estudos

de População “Elza Berquó” – Nepo/Unicamp, 2018.

BRASIL. (2016). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Redação no Enem 2016: cartilha do participante. Brasília: Inep/MEC. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2016/manual_de_redacao_do_enem_2016.pdf>. Acesso em 29 out. 2020.

BRONCKART, J. P. (1999). Atividade de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. Tradução de Anna Rachel Machado, Péricles Cunha. São Paulo: EDUC.

BRONCKART, J. P. (2006). Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Tradução de Anna Rachel Machado, Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Campinas: Mercado de Letras.

CAMARGO, H. R. E. (2019). Diálogos transversais: narrativas para um protocolo de encaminhamentos para políticas de acolhimento a migrantes de crise. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas.

CRISTOVÃO, V. L. L. (2013). Para uma expansão do conceito de capacidades de linguagem. In: BUENO, L.; LOPES, M. A. P. T.; CRISTOVÃO, V. L. L (Org.). Gêneros textuais e formação inicial: uma homenagem à Malu Matencio. Campinas: Mercado de Letras, pp. 357-383.

CRISTOVÃO, V. L. L.; STUTZ, L. (2011). Sequências didáticas: semelhanças e especificidades no contexto francófono como L1 e no contexto brasileiro como LE. In: SZUNDY, P. T. C., et al. (Org.). Linguística aplicada e sociedade: ensino e aprendizagem de línguas no contexto brasileiro. Campinas: Pontes, pp. 17-40.

DOLZ, J.; GAGNON, R.; DECÂNDIO, F. (2010). Produção escrita e dificuldades de aprendizagem. Campinas: Mercado de Letras.

DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. (2011). Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo, Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, pp. 81-108.

DOLZ, J. PASQUIER, A. BRONCKART, J. P. (1993). L’acquisition des discours: émergence d’une competence ou apprentissage de capacités langagières diverses? Études de Linguistique Appliquée, n. 92, pp. 23-37.

DOLZ, J. SCHNEUWLY, B. (2011). Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo, Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, pp. 35-59.

LIMA, P. S. SOUSA, I. V. (2016). Produção de artigo de opinião em sequência didática. In: SILVA, W. R., et al. (Org.). Gêneros na prática pedagógica: diálogos entre escolas e universidades. Campinas: Pontes, pp. 167-197.

LOPEZ, A. P. A. (2016). Subsídios para o planejamento de cursos de Português como Língua de Acolhimento para imigrantes deslocados forçados no Brasil. Dissertação de Mestrado em Linguística Aplicada. Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte.

LOPEZ, A. P. A.; DINIZ, L. R. A. Iniciativas jurídicas e acadêmicas brasileiras para o acolhimento de deslocados forçados. Revista da Sociedade Internacional Português Língua Estrangeira (SIPLE), v. 9, p. 31-56, 2018.

MACHADO, A. R. (2003). Os textos de alunos como índices para a avaliação das capacidades de linguagem. In: MARI, H.; MACHADO, I. L; MELLO, R. (Org.). Análise do discurso em perspectivas. Belo Horizonte: UFMG, 2003. pp. 215-229.

MARCUSCHI. L. A. (2011). Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo: Parábola, pp. 17-31.

OLIVEIRA, D. A. (2019). A preparação de imigrantes haitianos para a produção da redação do Enem. Tese de Doutorado em Estudos Linguísticos. Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte.

REZENDE, P. S. (2010). A constituição identitária de refugiados em São Paulo: moradias na complexidade do ensino-aprendizagem de português como língua estrangeira. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. PUC-SP, São Paulo.

SÃO BERNARDO, M. A. (2016). Português como língua de acolhimento: um estudo com imigrantes e pessoas em situação de refúgio no Brasil. Tese de Doutorado em Linguística. Centro de Educação e Ciências Humanas, UFSCar, São Carlos.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (2011). Gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo, Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, pp. 61-78.

SILVA, G. J.; CAVALCANTI, L.; OLIVEIRA, T.; MACEDO, M. Refúgio em Números, 5ª Ed. Observatório das Migrações Internacionais; Ministério da Justiça e Segurança Pública/Comitê Nacional para Refugiados. Brasília, DF: OBMigra, 2020.

SOUZA, E. G. G.; STUTZ, L. (2019). O (re)conhecimento da sócio-história nas capacidades de significação: conceitos necessários para operacionalização de linguagem e didatização de gêneros. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 58, n. 3, pp. 1113-1133.

STUTZ, L. (2012). Sequências didáticas, socialização de diários e autoconfrontação: instrumentos para a formação inicial de professores de inglês. Tese de Doutorado em Estudos da Linguagem. Centro de Letras e Ciências Humanas, UEL, Londrina.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.