Resumo
O presente trabalho problematiza a hipervalorização da branquidade e suas implicações na vida em sociedade, principalmente no que toca à condição de subalternização do povo negro. O corpus de discussão será um veículo da mídia televisiva, o quadro RJ-Móvel, transmitido pelo diário telejornalístico local RJTV, da Rede Globo de Televisão. O quadro aborda situações em que uma jornalista, juntamente com sua equipe, tenta mediar e solucionar problemas relativos à falta de infraestrutura em bairros periféricos da cidade do Rio de Janeiro, bem como na região do chamado Leste Metropolitano e na Baixada Fluminense. Analisaremos a construção do roteiro do quadro e sua inserção em meio à população negra e pobre, maioria das(os) residentes nestes locais e sobre as(os) quais o programa se debruça, destinando suas investidas de caráter assistencialista. Como complemento de análise deste objeto, onde se observam outros modos de operar práticas de racismo e estabelecer lógicas de condutas civilizatórias, faremos uma leitura crítica também a respeito da postura da apresentadora, seus movimentos e dinâmicas de interação com a população local. Para tanto, traçaremos um diálogo com a noção de amabilidade artificiosa, mobilizada por Fanon (2008) em Pele Negra, Máscaras Brancas, em aproximação com duas outras categorias: a primitivização da pessoa negra e a caricata espetacularização da negritude e da pobreza. Assim nos interessa refletir estratégias que repensem o enaltecimento da branquidade, rompendo com o discurso midiático hegemônico que performa assistencialismo, produz e reproduz - entre outros modos de estereotipação - práticas racistas.
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