Banner Portal
A narrativa como construção identitária de uma pessoa com a Doença de Alzheimer
PDF

Palavras-chave

Doença de Alzheimer
Narrativa oral
Identidade

Como Citar

MIRA, Caio César Costa Ribeiro; CUSTODIO, Katiuscia de Almeida. A narrativa como construção identitária de uma pessoa com a Doença de Alzheimer. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 61, n. 3, p. 747–763, 2022. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8670600. Acesso em: 30 abr. 2024.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar como uma pessoa acometida pela Doença de Alzheimer (doravante DA) constrói sua identidade interativamente no contexto de uma entrevista narrativa. O cenário da DA constitui-se como um campo complexo, considerando as perdas ocasionadas pela doença que acometem a linguagem e a cognição e incidem significativamente na interação e na vida social cotidiana. Além disso, o crescente envelhecimento da população brasileira é uma realidade que pode desencadear o aumento da incidência da DA. Levando tais fatores em consideração, em nossas análises identificamos os recursos linguísticos empregados pela participante que evidenciam a coconstrução de sua identidade. Dessa forma, como fundamentação teórica mobilizaremos os estudos da narrativa oral e o conceito de identidade. As análises demonstram que a participante da pesquisa acometida pela DA utiliza pistas de contextualização e elementos de indexicalidade que permitem evidenciar a construção identitária.

PDF

Referências

BAKHUIZAN, G.; BENSON, P; CHIK, A. (2014). Narrative Inquiry in Language Teaching and Learning Research. New York: Routledge.

BAMBERG, M. (2002). Construindo a masculinidade na adolescência: posicionamentos e o processo de construção de identidade aos 15 anos. In: MOITA LOPES, L. P.; BASTOS, L. C. (Org.). Identidades: Recortes multi e interdisciplinares. Campinas, SP: Mercado de Letras, p. 149-185.

BARROS, A. C. et al. (2009). Influência genética sobre a doença de Alzheimer de início tardio. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 36, n. 01, p. 16-24.

BASTOS, L. C.; BIAR, L. (2015). Análise narrativa e práticas de entendimento da vida social. Delta, São Paulo, v. 31, p. 97-126.

BASTOS, L. C. (2005). Contando estórias em contextos espontâneos e institucionais – uma introdução ao estudo da narrativa. Calidoscópio. Vol. 3, n. 2, p. 74-87.

BAUMAN, R. (1986). Story, performance and event: contextual studies of oral narrative. Cambridge: Cambridge University Press.

BIAR, L. A.; ORTON, N.; BASTOS, L. C. (2021). A pesquisa brasileira em análise de narrativa em tempos de “pós-verdade”. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v. 21, n. 2, p. 231-251, maio/ago.

CLARK, H. C. (1996). Using Language. New York: Cambridge University Press.

CRUZ, F. M. (2017) Interação corporificada: multimodalidade, corpo e cognição explorados na análise de conversas envolvendo sujeitos com Alzheimer. Alfa. São Paulo, v. 61, n. 1, p. 55-80.

CRUZ, F. M. (2008) Linguagem, interação e cognição na Doença de Alzheimer. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas.

CUSTODIO, K. A. (2019). “Como é que vou dizer...”: a coconstrução de sentidos nas narrativas orais de uma pessoa com atrofia cortical posterior. 2019. 116f. Dissertação (Mestre em Linguística Aplicada) - Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo.

DE FINA, A. (2015). Narrative and Identities. In: DE FINA, A.; GEORGAKOPOULOU, A. The Handbook of Narrative Analysis. Oxford: Wiley Blackwell, p.361-368.

DE FINA, A.; GEORGAKOPOULOU, A. (2012). Analyzing Narrative: Discourse and Sociolinguistic Perspectives. Cambridge University Press.

FABRÍCIO, B. F. (2006). Linguística Aplicada como espaço de "desaprendizagem": Redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar, São Paulo: Parábola Editora, p. 45-65.

FABRÍCIO, B. F. (2016). Mobility and discourse circulation in the contemporary world: the turn of the referential screw. Revista da Anpoll, Florianópolis, n. 40, p. 129-140.

FABRÍCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. (2002). Discursos e Vertigens: identidades em xeque em narrativas contemporâneas. Veredas Rev. Est. Ling. Juiz de Fora, v. 6, n. 2, p. 11-29.

FREITAS, L. F. R.; MOITA LOPES, L. P. (2019). Vivenciando a outridade: escalas, indexicalidade e performances narrativas de universitários migrantes. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, p. 147-172.

FREITAS, L. F. R.; MOITA LOPES, L. P. (2017). “Sobre feminismo, sobre racismo, sobre xenofobia, sobre tudo”: desequilíbrios narrativos em performances heterossexuais de um aluno migrante branco. Calidoscópio. V. 15, n. 2, p. 305-316.

GARCEZ, P. M. (2001). Deixa eu te contar uma coisa: o trabalho sociológico do narrar na conversa cotidiana. In: RIBEIRO, B. T.; LIMA, C. C.; DANTAS, M. T. L. (Orgs.). Narrativa, identidade e clínica. Rio de Janeiro: Edições IPUB – CUCA (Instituto de Psiquiatria, UFRJ), p. 189-213.

GOFFMAN, E. (2002). Footing. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. Sociolinguística Interacional. São Paulo: Loyola, p. 107-148.

GONZALEZ, C.; LOPES, L. P. M. (2018). Reflexividade metapragmática sobre o cinema de Almodóvar numa interação online: indexicalidade, escalas e entextualização. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 57, n. 2, p. 1102-1136, 2018.

GUIMARÃES, T. F.; LOPES, L. P. M. (2017). Trajetória de um texto viral em diferentes eventos comunicativos: entextualização, indexicalidade, performances identitárias e etnografia. Alfa Revista de Linguística, São Paulo, v. 61, n. 1, p. 11-33.

GUMPERZ, J. J. (2002). Convenções de Contextualização. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. Sociolinguística Interacional. São Paulo: Loyola, p. 149-182.

HALL, S. (2006). A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Lamparina, 12a ed.

HALL, S. (2014). Quem precisa de identidade? In: SILVA, T. T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais (org.). Petrópolis: Vozes, 15a. ed, p. 247-264.

HUFF, F. et al. (1988). Semantic impairment and anomia in Alzheimer's disease. Brain and Language, v. 28, n. 2, p. 235-249.

HYDÉN, L. C. (2017). Storytelling in dementia: collaboration and commun ground. In: HYDÉN, L. C; ANTELIUS, E. Living with demencia. Palgrave: London, p. 116-134.

HYDÉN, L. C. (2018). Entangled Narratives. New York: Oxford University Press.

HYDÉN, L. C.; ÖRULV, L. (2008). Interaction and narrative structure in dementia. In: SCHIFFRIN, D.; DE FINA, A.; NYLUND, A. (Orgs.). Telling stories: language, narrative, and social life. Washington D.C.: Georgetown University Press.

JOHNSTONE, B. (2001). Discourse analysis and narrative. In: SCHIFFRIN, D.; TANNEN, D.; HEIDI, E. H. (ed.). The handbook of discourse analysis. Malden, Mass.: Blackwell, p. 635-649.

JOSEPH, J. E. (2016). Historical perspectives on language and identity. In: PREECE, S. The Routledge Handbook of Language and Identity. New York: Routledge: p.19-33.

LABOV, W.; WALETZKY, J. (1967). Narrative Analysis: Oral Versions of Personal Experience. The Journal of Narrative and Life History, v. 7, n. 1-4, p. 3-38, 1967.

LEITE, M. S. et al. (2020). Diagnóstico do paciente com Doença de Alzheimer: uma revisão sistemática de literatura. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR, v. 30, n. 1, p. 47-50.

LINDE, Charlotte. (1993). Life Stories: the creation of coherence. Oxford, Oxford University Press.

MARCUSCHI, L. A. (1986). Análise da Conversação. São Paulo: Ática.

MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. (2015). "Você é uma morena muito bonita": a trajetória textual de um elogio que fere. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 54, n. 1, p. 53-78.

MIRA, C.; CUSTODIO, K. A. (2021). “Isso tudo me traz de novo a vida que eu tinha": a coconstrução de uma narrativaautobiográfica na Doença de Alzheimer.Rev. Estud. Ling., Belo Horizonte, v. 29, n. 3, p. 1979-2009.

MIRA, C. (2019). Como é que a gente diz? Uma análise das estratégias textual-interativas na narrativa de uma pessoa com doença de Alzheimer. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v. 19, n. 3, p. 419-433.

MISHLER, E. G. (1986). Research interviewing - context and narrative. Cambridge: Harvard University Press.

MOITA LOPES, L. P. (2009). A performance narrativa do jogador Ronaldo como fenômeno sexual em um jornal carioca: multimodalidade, posicionamento e iconicidade. Revista da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística, Brasília, n. 27, v. 2, p. 128-157.

MOITA LOPES, L. P..; BASTOS, L. C. (2010). A experiência identitária na lógica dos fluxos-uma lente para se entender a vida social. In: LOPES, L. P. M.; BASTOS, L. C. (org.). Para além da identidade: fluxos, movimentos e trânsitos. Belo Horizonte: UFMG, p. 9-23.

MOITA LOPES, L. P.; FABRÍCIO, B. F. (2020) Por uma ideologia linguística responsiva às teorizações queer. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 21, n. 2.

MONDADA, L. (1997). A entrevista como acontecimento interacional: abordagem linguística e interacional. RUA, Campinas, v. 3, n. 1, p. 59-86.

MORATO, E. M. (2016). Das relações entre linguagem, cognição e interação - algumas implicações para o campo da saúde. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 16, n. 3, p. 575-590.

MORATO, E. M. (2012). Referenciação metadiscursiva no contexto das afasias e da Doença de Alzheimer. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 45-54.

OLIVEIRA, L. M.; BASTOS, L. C. (2014). Narrando em Colaboração: as construções discursivas de uma pessoa com afasia. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 14, n. 2, p. 247-267.

POLKINGHORNE, D.E. (1988). Narrative Knowing and the Human Sciences. Albany, NY: State University of New York Press.

RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (1998). Sociolinguística Interacional. Porto Alegre: AGE.

RIESSMAN, C. K. (1993). Narrative Analysis. Newbury Park, CA: Sage.

SANTOS, C. S.; et al. (2020). Factors associated with dementia in elderly. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n.2, p. 603-611.

SANTOS, W. S. (2013). Níveis de interpretação na entrevista de pesquisa interpretativa com narrativas. In: BASTOS, L. C.; SANTOS, W. S. A entrevista na pesquisa qualitativa - perspectivas em análise da narrativa e da interação. Rio de Janeiro: Quartet.

SILVERSTEIN, M. (2003). Indexical order and dialectics of sociolinguistic life. Language & Communication, University of Chicago, n. 23, p. 193-229.

TANNEN, D. Talking voices: repetition, dialogue and imagery in conversational discourse. 2. ed. New York: Cambridge University Press, 2007.

TEIXEIRA, J. B. et al. (2015). Doença de Alzheimer: estudo da mortalidade no Brasil 2000-2009. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 4, p. 1-12.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.