Banner Portal
Verdade em tradução: um testemunho da dor das palavras
Remoto

Palavras-chave

Tradução-interpretação. Testemunho. Comissão verdade reconciliação

Como Citar

VERAS, Viviane. Verdade em tradução: um testemunho da dor das palavras. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 50, n. 2, p. 459–476, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645322. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de 1995 e estendendo-se até agosto de 1997, é possibilitar uma reconciliação nacional, evitando o banho de sangue e instaurando a paz civil. Dizer a verdade, a full disclosure, é o que se exige de cada um que pede a anistia. Não se trata, portanto, de uma anistia geral, concedida de forma automática. Uma vez que a comissão sustenta que é possível “fazer coisas com as palavras”, busca-se nas narrativas e nos testemunhos de todos os envolvidos uma verdade suficiente para produzir um consenso, o reconhecimento do passado e a assunção dos crimes, em oposição a uma cultura de impunidade. Nesse contexto, minha proposta é pensar a relação entre tradução e testemunho, pensar o intérprete tradutor como testemunha, sublinhando o fato de que a língua da Comissão, o inglês, é uma língua de tradução, não é a língua das vítimas nem dos torturadores.

Abstract

The Truth and Reconciliation Commission (TRC) was established in South Africa in July 1995 and worked until August 1997, and its main goal is to provide national reconciliation, thus preventing a bloodbath and establishing civil peace. Each one who asks for amnesty is required to speak the truth in a full disclosure context. Therefore, it’s not the case of a global amnesty which is automatically granted. Once the commission insists upon the possibility of “doing things with words”, there is, amid the testimonies and narratives, a quest for some truth that would be enough to provide a consensus, to the acknowledgement of the past and to the assumption of the crimes committed. In such context, I propose a reflection on the relation between translation and testimony, as well as on the role played by the interpreter as witness, stressing the fact that the English language, which was adopted in the context of the commission, is a language used for translation purposes and is neither the language spoken by the victims nor by the torturers.

Keywords: translation-interpretation; testimony; Ttruth and Reconciliation Comission

Remoto

Referências

ANTHONISSEN, Christine. (2009). Considering the violence of voicelessness: censorship and self-censorship related do the South African process. In: WODAK, Ruth; BOREA, Gertraud Auer (eds.). Justice and memory confronting traumating pasts.

International comparison.Viena: PassagenVerlag, pp. 97-122.

_____. (2008). On interpreting the interpreter – experiences of language practitioners mediating for TRC. Journal of Multicultural Discourses 3(3): 165-188.

AUSTIN, John Langshaw. (1970). A plea for excuses. In: AUSTIN, J. L. Philosophical papers.

ed. Oxford: Oxford University Press, pp. 175-204.

_____. (1975). How to do things with words. 2. ed. Cambridge: Harvard University Press.

BUCAILLE, Lætitia. (2007). Vérité et réconciliation en Afrique du Sud: une mutation politique et sociale. Politique étrangère, IFRI, vol 2, pp. 313-325.

CASSIN, Barbara. (2004a). Amnistie et pardon: pour une ligne de partage entre éthique et politique. In: CASSIN, B.; CAYLA, O.; SALAZAR, Ph.-J. (dir.)Vérité, reconciliation, reparation.Paris: Seuil, v. 43, pp. 37-57.

_____. (2004b). Présentation.In: CASSIN, B.; CAYLA, O.; SALAZAR, Ph.-J. (dir.)Vérité, reconciliation, reparation.Paris: Seuil, v. 43, pp. 13-26.

_____. (Dir.)(2004c). Vocabulaire Européen des Philosophes – dictionnaire des intraduisibles.Paris: Le Robert – Seuil.

D’AILLEURS, DERRIDA. (1999). Safaa Fathy (dir.), Jacques Derrida, Jean-Luc Nancy. La Sept Arte. Gloria Films Production. DVD. 68m.

DERRIDA, Jacques. (2004a). Versöhnung, ubuntu, pardon: quel genre? In: CASSIN, B.; CAYLA, O.; SALAZAR, Ph.-J. (dir.)Vérité, reconciliation, reparation.revue semestrielle Le genre humain.Paris: Seuil, v. 43, pp. 111-156.

_____. (2004b). Pardonner: l’impardonnable et l’imprescritible. Cahier L’Herne, Jacques Derrida, Paris: Éditions de l’Herne, pp. 541-560.

_____. (2004c). Poétique et politique dut émoignage. Cahier L’Herne, Jacques Derrida, Paris: Éditions de l’Herne, pp. 521-539.

FELMAN, S.; LAUB, D. (1992).Testimony: crises in witnessing in Literature, Psychoanalysis, and History. Nova York, Londres: Routledge.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. (2006). Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34.

HARDIE, Yvette. (2006).Invisible Angels. Entrevista com as intérpretes: Nomusa Zulu, Angela Sobey e Khetiwe Mboweni-Marais. Oprah’s South Africa Magazine, pp. 102-105.

Disponível em http://www.embreyfdn.org/embrey/OMagSAfricaArt.pdf Acesso em maio de 2011.

KROG, Antjie. (2004). La douleur des mots.Tradução de Georges Lory (do inglês Country of my skull: guilt, sorrow, and the limits of forgiveness in the New South Africa, 1998).

Arles: Actes-Sud.

LELIÈVRE, Samuel. (2004). Afrique du Sud, apartheid et film documentaire. Cahiers d’Études africaines, XLIV (1-2), 173-174, pp. 435-439.

LOTRIET, Annelie. (2002). Can short interpreter training be effective? The South African Truth Reconciliation Comission experience. In: HUNG, Eva. Teaching translation and interpretation, vol 4. Philadelphia: John Benjamins, pp. 83-98.

_____. (2001). Sign Language Interpreting in South Africa: meeting the challenges. Critical Link, vol2. Disponível em http://criticallink.org/?s=lotriet Acesso em agosto de 2011.

MATHIBELA, Lebohang. (2007)Translation and the midia: translation and interpretation.

In: VILLA-VICENCIO, Charles; DU TOIT, Fanie (eds.). Truth & reconciliation in South Africa: 10 years on. África do Sul: New Africa Books.

PONGE, Francis. (1980). Notes pour un coquillage. Le Partipris des choses. Paris: Gallimard, coll. Poésie.

ROSS, Fiona. (2003). Bearing witness: women and the Truth and Reconciliation Commission in South Africa. Londres: Pluto Press.

SALAZAR, Philippe-Joseph.(2004). Une conversion politique du religieux. In: CASSIN, B.; CAYLA, O.; SALAZAR, Ph.-J. (dir.)Vérité, reconciliation, reparation.Paris: Seuil, pp.

-57 _____. (1998). Afrique du Sud, La révolution fraternelle. Paris: Hermann (coll. Savoirs: Cultures).

SELIGMANN-SILVA, Márcio. (2008). Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicologia clínica. [online]. vol.20, n.1, pp. 65-82. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/pc/v20n1/05.pdf Acesso em março de 2010.

SOOKA, Yasmin. (2004). Les victimes de l’apartheid prises dans la promesse d’amnistie.

Traduzido do inglês por Barbara Cassin. In: CASSIN, B.; CAYLA, O.; SALAZAR, Ph.-J. (dir.)Vérité, reconciliation, reparation.Paris: Seuil, pp. 339-345.

THE SOUTH AFRICA TRUTH AND RECONCILIATION COMISSION (TRC).

(1998). Report. Disponível em http://www.doj.gov.za/trc Acesso em agosto de 2008.

TRUTH IN TRANSLATION. Disponível em http://www.truthintranslation.org/index.

php/v2/ Acesso em setembro de 2008.

TUTU, Desmond. (2000).No future without forgiveness. New York: First Image Books Edition.

O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.