Banner Portal
“Mas isso é porque as pessoas não sabem o que é o pole dance”
PDF

Palavras-chave

Avaliação
Estigmas
Pole dance

Como Citar

ALVES, Lorena Araujo; NÓBREGA, Adriana Nogueira Accioly. “Mas isso é porque as pessoas não sabem o que é o pole dance”: contribuições da avaliação para a análise discursiva de estigmas. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 3, p. 2183–2208, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8660484. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Neste artigo, investigamos uma interação entre praticantes do pole dance, com foco na reação e na resistência relacionadas à recorrente construção de estigmas sobre a atividade. Inserida na área da Linguística Aplicada Contemporânea, a pesquisa volta-se à observação dos mecanismos discursivos avaliativos negociados pelas interlocutoras e às contribuições destes para a ressignificação da atividade que praticam. A análise microdiscursiva fundamenta-se no sistema de avaliatividade, integrante da Linguística Sistêmico-Funcional, quando percebemos quais estigmas são problematizados nos discursos das participantes, a partir de avaliações realizadas, principalmente, nas esferas do afeto e do julgamento. O paradigma qualitativo orienta a metodologia do estudo, com o corpus gerado pela gravação de uma conversa entre a primeira autora e sua professora da modalidade. Nossos entendimentos sugerem que as participantes concebem o pole dance como uma prática libertadora, construindo um discurso que o ressignifica positivamente e que resiste a visões hegemônicas conservadoras, as quais estigmatizam a atividade e a consideram uma prática vulgar e desviante da normalidade.

PDF

Referências

ALLEN, K. L. (2011). Poles apart?: women negotiating feminity and feminism in the fitness pole dancing class. 2011. Tese (Doutorado em Filosofia). University of Nottingham, Nottingham.

BIAR, L. de A. (2012). “Realmente as autoridades veio a me transformar nisso”: Narrativas de adesão ao tráfico e a construção discursiva do desvio. 2012. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de Pós-Graduação Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

BUTLER, J. (1988). Performative Acts and Gender Constitution: An Essay in Phenomenology and Feminist Theory. Theatre Journal, Baltimore, v. 40, n. 4, pp. 519-531.

BUTLER, J. (1990). Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York: Routledge.

COLLINS, P. H. (2017). Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Revista Parágrafo, São Paulo, v. 5, n. 1, pp. 6-17.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (2006). Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Orgs.). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed. pp. 15-42.

ESPAÇO ALFA. (2014). História do Pole Dance. Disponível em: <http://espacoalfa.com.br/novo/?page_id=9525>. Acesso em: 30 de junho de 2019.

FABRÍCIO, B. F. (2006). Linguística aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. pp. 45-65.

FAIRCLOUGH, N. (1997). Discurso, mudança e hegemonia. In: PEDRO, Emília R. (Org.). Análise Crítica do Discurso: uma perspectiva sócio-política e funcional. Lisboa: Editorial Caminho. pp. 77-104.

FAIRCLOUGH, N. (2001). Discurso e mudança social. Brasília: Editora UnB.

FERREIRA, C. F. (2015). Redescobrindo ser-si-mesmo: a existencialidade de mulheres praticantes de pole dance Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Amazonas, Manaus.

GOFFMAN, E. ([1963] 1988). Estigma – Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar.

GOFFMAN, E. ([1964] 1998). A situação negligenciada. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (Orgs.). Sociolinguística interacional. Porto Alegre: Age, pp. 11-15.

GONÇALVES, A. C. (2017). “Viva o matriarcado pole dance”: uma etnografia das relações entre corpo, gênero e cidade na prática do pole dance. 2017. Monografia (Graduação em Antropologia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói.

HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. (2014). Halliday’s introduction to functional grammar. London e New York: Routledge.

HOLLAND, S. (2010). Pole Dancing, Empowerment and Embodiment. New York: Palgrave Macmillan.

HOOKS, b. (1982). Ain’t I a woman? London: Pluto Press.

HOOKS, b. (1984). Feminist Theory from margin to center. Boston: South End Press.

HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (2000). (Eds.). Evaluation in Text: Authorial stance and the construction of discourses. Oxford: Oxford University Press.

LEAL E SILVA, I. (2014). Corporalidade no pole dance: uma análise antropológica. 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, 03 e 06 de agosto de 2014, Natal/RN.

LODER, L. L.; JUNG, N. M. (Orgs.). (2009). Análises de fala-em-interação institucional: a perspectiva da Análise da Conversa Etnometodológica. Campinas: Mercado de Letras.

MARTIN, J. R. (2000). Beyond exchange: appraisal systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Eds.). Evaluation in Text: Authorial Stance and the Construction of Discourse. New York: Oxford University Press, pp. 142-175.

MARTIN, J. R.; WHITE, P. R. R (2005). The Language of Evaluation: Appraisal in English. New York: Palgrave/ Macmillan.

MARTIN, J. R.; ROSE, D. (2007). Working with Discourse: meaning beyond the clause. 2ª ed. New York: Continuum.

MEEPOS, D. (2012). The Purgatory of Pole Dancing. UCLA Women’s Law Journal, Los Angeles, v. 19, n. 2, pp. 214-259.

MICHAELIS DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA (2020). Disponível em: < michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ >. Acesso em: 27 de outubro de 2020.

MIGNOLO, W. D. (2000). Local Histories/Global Designs: Coloniality, Subaltern Knowledges, and Border Thinking. Princeton University Press.

MISHLER, E. G. (1986). The Analysis of Interview-Narratives. In: SARBIN, T. R. (Ed.). Narrative Psychology: The Storied Nature of Human Conduct. New York: Praeger, pp. 233-255.

MOITA LOPES, L. P. (2002). Identidades fragmentadas. São Paulo: Mercado das Letras.

MOITA LOPES, L. P. (2006). (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola.

MOITA LOPES, L. P. (2006). Linguística aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. pp. 85-107.

MOITA LOPES, L. P. (2006). Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado (Introdução). In: MOITA LOPES, L. P. (Org.) Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. pp.13-44.

MOITA LOPES, L. P. (2013). (Org.). Linguística Aplicada na modernidade recente – Festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola.

NÓBREGA, A. N. (2009). Narrativas e avaliação no processo de construção do conhecimento pedagógico: abordagem sociocultural e sociossemiótica. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de Pós-Graduação Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

OLVIEIRA, A. K. S. (2016). Pole dance: contextos e aproximações com os estudos de Rudolf Laban. Trabalho de conclusão de curso. Licenciatura plena em dança. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

PENNYCOOK, A. (2006). Uma linguística aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.) Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. pp. 67-84.

RAJAGOPALAN, K. (2003). Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e questão ética. São Paulo: Parábola Editorial.

RAJAGOPALAN, K. (2006). Repensar o papel da linguística aplicada. In: MOITA LOPES, L.P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. pp. 149-168.

REZENDE, C. B.; COELHO, M. C. (2010). Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro: FGV.

SACKS, H., SCHEGLOFF, E. A.; JEFFERSON, G. (1974). A simplest systematic for the organization of turn-taking for conversation. Language, Baltimore, v. 50, n. 4, pp. 696-735.

SANTOS, R. O. (2018). Pole Dance: Dança ou Esporte? Trabalho de conclusão de curso. Bacharel em Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

THOMPSON, G; ALBA-JUEZ, L. (2014). (Eds.). Evaluation in Context. Philadelphia: John Benjamin.

VIAN JR., O. (2010). O Sistema de Avaliatividade e a linguagem da avaliação. In: VIAN JR., O. et al. (Orgs.) A linguagem da avaliação em língua portuguesa: estudos sistêmico-funcionais com base no Sistema de Avaliatividade. São Carlos: Pedro & João Editores. pp. 19-29.

VIAN JR., O. (2013). Linguística sistêmico-funcional, linguística aplicada e linguística educacional. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.) Linguística Aplicada na modernidade recente – Festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola. pp. 123-141.

WHITEHEAD, K.; KURZ, T. (2009). “Empowerment” and the Pole: A Discursive Investigation of the Reinvention of Pole Dancing as a Recreational Activity. Feminism & Psychology, Exeter, v. 19, n. 2, pp. 224-244.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.