Banner Portal
“A escritura a escrevivência a invenção a poema”
PDF

Palavras-chave

Coletivas de poetas
Periferia
Performance
Gramática cultural
Escrevivência

Como Citar

ALENCAR, Claudiana Nogueira de. “A escritura a escrevivência a invenção a poema”: performances e decolonialidades nas gramáticas culturais das coletivas de poetas periféricas. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 3, p. 612–625, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8666550. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Este artigo é resultante de uma proposta teórico-metodológica de pesquisa participante e interventiva nos estudos da linguagem, a Pragmática Cultural (ALENCAR, 2014, 2015, 2019), que busca a horizontalidade, a colaboração entre saberes populares e acadêmicos, por meio de metodologias simétricas que valorizem formas de vida e resistência, visando à transformação social. Sob essa perspectiva, analiso a constituição de uma gramática cultural de resistência pelas mulheres participantes de três coletivas de poetas da periferia de Fortaleza. O arcabouço teórico se assentou nas concepções de performatividade de raça e interseccionalidades, a partir do trabalho de Glenda Melo (MELO; MOITA LOPES, 2013, 2014; MELO; PAULA, 2019); gramática cultural e gramática da dor, discutidas nos trabalhos de Veena Das (DAS, 1995, 1999, 2007; DAS et al., 2004) e em minhas pesquisas (ALENCAR, 2014, 2019); e o conceito de escrevivência, de Conceição Evaristo (EVARISTO, 2007, 2008, 2009). As categorias metapragmática, indexicalidade (SILVERSTEIN, 1993, 2003), performance e entextualização (BAUMAN; BRIGGS, 1990) também fazem parte do nosso construto analítico. Com a investigação, percebi que práticas literárias, culturais e políticas dessas poetas constituem uma gramática cultural que anuncia uma sociedade sem dominação, construída pela feminização da resistência.

 

PDF

Referências

ALENCAR, C. (2014). Pragmática Cultural: uma visada antropológica sobre os jogos de linguagem. In: SILVA, D.; ALENCAR, C.; FERREIRA, D. (org.). Nova Pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez. p.78-100.

ALENCAR, C. (2015). Pragmática cultural: uma proposta de pesquisa-intervenção nos estudos críticos da linguagem. In RODRIGUES, M. G. et al. (org.). Discurso: sentidos e ação, Franca, Universidade de Franca, v.10, 2015, p.141-162.

ALENCAR, C. (2017). Gramática de resistência do movimento campesino: toponímia, agência e dor. In: ALENCAR, Claudiana; COSTA, Fátima; COSTA, Nelson. (org.). Discursos, Fronteiras e Hibridismos. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2017, v. 1, p. 115-136.

ALENCAR, C. (2019). Tudo aqui é poesia: a pragmática cultural como pesquisa participante com movimentos sociais e coletivos juvenis em territórios de violência urbana. Interdisciplinar, v. 31, p. 237-256, jan./jun.

ANDRADE, M. (2020a). [Eu leio a poeta…]. In: Rizzi, N. Mika Andrade. Escamandro, 17 jun. 2020. Disponível em: https://escamandro.wordpress.com/2020/06/17/mika-andrade/. Acesso em: 9 nov. 2020.

ANDRADE, M. (2020b). Percurso. In: Rizzi, N.; Andrade, M. (org.). Ofò: antologia poética Pretarau. [S.l.]: Pretarau, p. 36.

BAGNO, M. (2001). Norma linguística e preconceito social. Veredas, Juiz de Fora, v. 5, n. 2, p. 71-83.

BAUMAN, R.; BRIGGS, C. (1990). Poetics and performance as critical perspectives on language and social life. American Review of Anthropology, v. 19, p. 59-88.

BORBA, R. (2014). A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cadernos Pagu. n. 43. p. 441-473.

BUTLER, J. (1993). Bodies that Matter: On the Discursive Limits of “Sex”. Nova York, Routledge.

CALDAS-COULTHARD, C. R. (2007). Caro colega: exclusão linguística e invisibilidade. Discurso & Sociedad, v. 1, n. 2, p. 230-246.

CAMERON, D. (1995). Verbal hygiene. Routledge: London.

CAMPOS, H. (1997). Poesia e modernidade: da morte do verso à constelação. O poema pós-utópico. In: Campos, H. O arco-íris branco. São Paulo: Imago, p. 243-270.

CANDIDO, A. (2004). O direito à literatura e outros ensaios. Coimbra, PT: Angelus Novus.

DALCASTAGNÈ, R. (2012). Um território contestado: literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais. Iberic@l: revue d’études ibériques et ibéro-américaines, Paris, n. 2, automne.

DAS, V. (1995). Critical events: an anthropological perspective on contemporary India. New Delhi: Oxford University Press.

DAS, V. (1999). Fronteiras, violência e o trabalho do tempo: alguns temas wittgensteinianos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 14, n. 40, p. 31-42.

DAS, V. (2007). Life and words: violence and the descent into the ordinary. Berkeley: University of California Press.

DAS, V. et al. (2004). Violence and subjectivity. Berkeley: University of California Press.

EVARISTO, C. (2007). Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: Alexandre, M. A. (org.). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza, p. 16-21.

EVARISTO, C. (2008). Escrevivências da afro-brasilidade: história e memória. Releitura, Belo Horizonte, Fundação Municipal de Cultura, n. 23, nov.

EVARISTO, C. (2009). Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 25.

EVARISTO, C. (2020). A escrevivência e seus subtextos. In: Duarte, C.; Nunes, I. (org.). Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo. Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte.

FREIRE, P. (1982). A Importância do Ato de Ler - em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora & Autores Associados.

GONZALEZ, L. (1984). Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, p. 223-244.

GONZALEZ, L. (1988). A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./jun.

HOOKS, B. (2015). Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 16, p. 193-210, jan./abr.

KILOMBA, G. (2019). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó.

MATURANA, H.; DÁVILA, X. (2016). El arbol del vivir. Chile: MVP editores.

MAURIEL, A. P. O. (2021) Crise, pandemia e suas manifestações no Brasil. Direitos, Trabalho e Política Social, v. 7, p. 41-63.

MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. (2013). As performances discursivo-identitárias de mulheres negras em uma comunidade para negros na Orkut. DELTA, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 237-265.

MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. (2014). A performance narrativa de uma blogueira: “Tornando-se preta em um segundo nascimento”. Alfa, São Paulo, v. 58, n. 3, p. 541-569.

MELO, G. C. V.; PAULA, L. (2019). Apresentação: Discursos de gênero, sexualidade e raça. Cadernos Discursivos, v. 1, n. 1, p. 1-7.

MOTTA, S. (2013a). “We are the ones we have been waiting for”: the feminization of resistance in Venezuela. Latin American Perspectives, v. 40, n. 4, p. 35-54.

MOTTA, S. (2013b). Pedagogies of possibility in, against and beyond the imperial patriarchal subjectivities of higher education. In: Cowden, S.; Singh, G. (ed.). Acts of knowing: critical pedagogy in, against and beyond the university. London: Bloomsbury Academic, p. 85-124.

NJANU, M. (2020a). Antipoema. In: Andrade, M. Como se faz o poema de Ma Njanu. LiteraturaBr, 23 set. 2020. Disponível em: https://www.literaturabr.com/2020/09/23/co

mo-se-faz-o-poema-de-ma-njanu/. Acesso em: 26 set. 2020.

NJANU, M. (2020b). Ensaio para o poema no muro. In: Carbonieri, D. Seis poemas de Ma Njanu. Ruído Manifesto, 18 maio 2020. Disponível em: http://ruidomanifesto.org/

seis-poemas-de-ma-njanu/. Acesso em: 30 jul. 2021.

PINTO, J. P. (2018). Corpo como contexto-de-ocorrência de metapragmáticas sobre o português em socializações de estudantes migrantes para o Brasil. Linguagem em (Dis)curso, v. 18, n. 3, p. 751-768, set./dez.

PINTO, J. P. (2019). É só mimimi? Disputas metapragmáticas em espaços públicos online. Interdisciplinar, v. 31, p. 221-236, jan./jun.

RIZZI, N. (2020). A poema, caminho para alcançar a própria voz e tantas outras. Suplemento Pernambuco, nov. 2020. Disponível em: https://www.suplementopernambu

co.com.br/edi%C3%A7%C3%B5es-anteriores/71-ensaio/2579-nina-rizzi-a-poema,-cam

inho-para-alcan%C3%A7ar-a-pr%C3%B3pria-voz-e-tantas-outras.html. Acesso em: 10 dez. 2020.

SILVA, M. A. M. (2013). A descoberta do insólito: literatura negra e periférica no Brasil (1960-2000). Rio de Janeiro: Aeroplano.

SILVERSTEIN, M. (1993). Metapragmatic discourse and metapragmatic function. In: Lucy, J. (ed.). Reflexive language, reported speech and metapragmatics. Cambridge: Cambridge University Press, p. 33-58.

SILVERSTEIN, M. (2003). Indexical order and the dialectics of sociolinguistic life. Language & Communication, v. 23, n. 3/4, p. 193-229, July/Oct.

WITTGENSTEIN, L. (1989). Investigações filosóficas. São Paulo: Nova Cultural.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.