Banner Portal
Mediação da resistência ao fascismo contemporâneo no youtube
PDF (English)

Palavras-chave

Fascismo social
Resistência
Mídias sociais
Rap
Hip-Hop

Como Citar

MORGADO, Marcos. Mediação da resistência ao fascismo contemporâneo no youtube: evocando dissidências no Rap brasileiro. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 3, p. 2017–2049, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661366. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Nos últimos anos, uma mudança crescente nas relações políticas, sociais e culturais mais progressistas em direção a uma visão conservadora retrógada está em andamento em boa parte do mundo. Uma postura política fascista (STANLEY, 2018) tem sido observada em diferentes partes do globo e diferentes políticos têm sido capazes de reunir seguidores insatisfeitos com economias em decadência nos seus países, geralmente recorrendo a um discurso do “nós contra eles”. Tal insatisfação encontrou terreno fértil em plataformas de mídia social como, por exemplo, Facebook e WhatsApp, e elevou as tensões em torno dessas questões a um nível jamais visto anteriormente. Na eleição presidencial de 2018 no Brasil, tensões semelhantes foram alimentadas por um candidato com um discurso autoritário, xenófobo e misógino. Mais importante, porém, esse discurso autoritário não deixou de ser contestado e as mesmas plataformas de mídia social foram palco de resistências a ele, como, por exemplo, o movimento #elenão, criado no Facebook pelo grupo “Mulheres Unidas contra o Bolsonaro”, e o movimento hip hop no Brasil, que lançou canções de protesto e um manifesto chamado "Rap pela Democracia" no YouTube. Neste artigo, selecionamos um videoclipe em particular, 'Primavera Fascista', para apresentar uma análise multimodal de como a resistência ao discurso daquele candidato foi construída, com foco nos recursos visuais, sonoros, musicais e linguísticos (KRESS, 2010; MACHIN, 2010) utilizados. Partindo de uma visão da linguagem como performativa (PENNYCOOK, 2004; 2007), usamos os construtos teórico-analíticos de entextualização (BAUMAN & BRIGGS, 1990) e indexicalidade (BLOMMAERT, 2005; 2010) para discutir como este rap é um intenso exercício discursivo de reflexividade metapragmática sobre os efeitos performativos de uma série de declarações fascistas produzidas pelo candidato.

PDF (English)

Referências

ALIM, H. S. (2009a). Translocal style communities: Hip Hop youth as cultural theorists of style, language and globalization. Pragmatics. v. 19, No. 1, pp.103-127.

ALIM, H. S. (2009b). Introduction. In: Alim, H. S., Ibrahim, A. & Pennycook, A. (orgs). Global linguistic flows: hip hop cultures, youth identities, and the politics of language. New York/London: Routledge.

ALIM, H. S., IBRAHIM, A. & PENNYCOOK, A. (2009). Global linguistic flows: hip hop cultures, youth identities, and the politics of language. New York/London: Routledge.

ANDRADE, E. (1999). Rap e educação, Rap é educação. São Paulo: Selo Negro edições.

ANDROUTSOPOULOS, J. & SCHOLZ, A. (2003). Spaghetti Funk: Appropriations of Hip-Hop Culture and Rap Music in Europe. Popular Music and Society. V. 26, No. 4, pp. 463-479.

AUSTIN, J. L. (1962). How to do things with words. Oxford: Clarendon Press.

BAUMAN, R. & BRIGGS, C. (1990). Poetics and performance as critical perspectives on language and social life. Annual Review of Anthropology. V. 19, pp. 59-88.

BLOMMAERT, J. (2005). Discourse. Cambridge: Cambridge University Press.

BLOMMAERT, J. (2010). The sociolinguistics of globalization. Cambridge: Cambridge University Press.

BLOMMAERT, J. & RAMPTON, B. (2011). Language and Superdiversity. Diversities, 13 (2), pp. 1-21.

CAMPBELL, M. V., & STITSKI, M. (2018). Archival Activism: Deciphering State-Sanctioned Histories and Reporting of Canadian Hip Hop. Journal of World Popular Music, 5(2), 229-249.

COUPLAND, N. (2007). Style: Language variation and identity. Cambridge: Cambridge University Press.

DAYRELL, J. (2005). A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: Editora UFMG.

FABRICIO, B. F. & MOITA LOPES, L. P. (2019). Transidiomaticity and transperformances in Brazilian queer rap: toward an abject aesthetics. Revista Gragoatá. v. 24, p. 146-159.

GUISSEMO, M. A. (2018). Hip Hop Activism: Dynamic Tension between the Global and Local in Mozambique. Journal of World Popular Music, 5(1), 50-70.

HAUPT, A., WILLIAMS, Q. E., & ALIM, H. S. (2018). “It’s Bigger than Hip Hop”. Journal of World Popular Music, 5(1), 9-14.

HELLAND, K. (2018). Mona AKA Sad Girl: A multilingual multimodal critical discourse analysis of music videos of a Japanese Chicana rap artist. Discourse, Context & Media. v. 23, pp. 25-40.

HERSCHMANN, M. (1997). Abalando os anos 90 – funk e hip-hop. Globalização, violência e estilo cultural. Rio de janeiro: Rocco.

HERSCHMANN, M. (2000). O Funk e o Hip-Hop invadem a cena. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

KRESS, G. (2010). Multimodality: a social semiotic approach to contemporary communication. London: Routledge.

LEPPÄNEN, S. & WESTINEN, E. (2017) Migrant rap in the periphery: performing politics of belonging. In: Moita-Lopes, L. P. & Baynham, M. (orgs.) Meaning making in the periphery. Aila Review 30. Amsterdam: John Benjamins.

MACHIN, D. (2010). Analysing Popular Music: Image, Sound, Text. London: Sage.

MITCHELL, T. (2001). Global noise: Rap and hip-hop outside the USA. Middletown: Wesleyan University Press.

MOITA LOPES, L. P. & BAYNHAM, M. (2017). Introduction: Meaning making in the periphery. AILA Review, v. 30, pp. v-xiii.

MOITA LOPES, L. P. (2018). Guarani/Portuguese/Castellano Rap on the Borderland: Transidiomaticity, Indexicalities and Text Spectacularity. In: M. C. Cavalcanti & T. M. Maher (Eds.), Multilingual Brazil: Language Resources, Identities and Ideologies in a Globalized World. New York: Routledge, pp. 175-187.

MOSES, W. (2018). South African Dialogue. Journal of World Popular Music, 5(1), 15-30.

NASCIMENTO, A. M. (2013). Ideologias e práticas linguísticas contra-hegemônicas na produção de rap indígena. Signótica. v. 25, pp. 259-281.

O’HALLORAN, K. L., TAN, S., SMITH, B. A. & PODLASOV, A. (2011). Multimodal analysis within an interactive software environment: critical discourse perspectives. Critical Discourse Studies, v. 8, n.2, pp. 109-125.

OLIVEIRA, M. A. M. (2007). The discursive construction of identities: urban youth and rap. Tese de doutorado. Florianópolis: UFSC.

OSUMARE, H. (2001). Beat streets in global hood: Connective marginalities of the hip hop globe. Journal of American and Comparative Cultures, v. 24, n.2, pp. 171-181.

PARDUE, D. (2004). Putting Mano to music: The mediation of race in Brazilian rap. Ethnomusicology Forum. v. 13, n. 2, pp. 253-286.

PARDUE, D. (2007). Hip hop as pedagogy: A look into “Heaven” and “Soul” in São Paulo, Brazil. Anthropological Quarterly. pp. 673-708.

PENNYCOOK, A. (2004). Performativity and language studies. Critical inquiry in Language Studies: An International Journal. V. 1, No. 1, pp. 1-19.

PENNYCOOK, A. (2007). Global Englishes and transcultural flows. London: Routledge.

RANTAKALLIO, I. (2019). New Spirituality, Atheism, and Authenticity in Finnish Underground Rap. Doctoral dissertation. Finland: University of Turku.

ROSS, A. S. & RIVERS, D. J. (2018). Introduction: Hip-hop as Critical Conscience: Framing Dissatisfaction and Dissent. In: Ross, A. S.; Rivers, D. J. (Eds.), The Sociolinguistics of Hip-hop as Critical Conscience: Dissatisfaction and Dissent. Switzerland: Palgrave Macmillan, pp. 1-11.

ROTH-GORDON, J. (2007). Youth, Slang, and Pragmatic Expressions: Examples from Brazilian Portuguese. Journal of Sociolinguistics. v.11, n. 3, pp. 322-345.

ROTH-GORDON, J. (2009). Conversational sampling, race trafficking, and the invocation of the gueto in Brazilian hip hop. In: Alim, H. S., Ibrahim, A. & Pennycook, A. (2009). Global linguistic flows: hip hop cultures, youth identities, and the politics of language. New York/London: Routledge.

ROTH-GORDON, J. (2012). Linguistic techniques of the Self: The intertextual language of racial empowerment in politically conscious Brazilian hip hop. Language & Communication. v. 32, n.1, pp. 36-47.

SALOIS, K. (2018). The “Schizophrenic Nation”: Ethics of Critique in Morocco’s Post-Arab Spring Popular Music. Journal of World Popular Music, 5(1), 88-107.

SANTOS, B. de S. (2001). Nuestra America: Reinventing a Subaltern Paradigm of Recognition and Redistribution. Theory Culture Society, v.18, pp. 185-217.

SANTOS, B. de S. (2016). A difícil reinvenção da democracia frente ao fascismo social. Entrevista com Roberto Machado [The difficult reinvention of democracy in the face of social fascism. Interview by Roberto Machado]. In: http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/563035-a-dificil-reinvencao-da-democracia-frente-ao-fascismo-social-entrevista-especial-com-boaventura-de-sousa-santos. Accessed 27/09/2019

SENGER, S. (2018). MC Solaar and the Influence of Globalization on Local Hip-Hop Aesthetics. Journal of World Popular Music, 5(2), 213-228.

SILVA, J. C. (1998). Rap na cidade de São Paulo: música, etnicidade e experiência urbana. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP.

SOUZA, A. L. S. (2011). Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip hop. São Paulo: Parábola Editorial.

STANLEY, J. (2018). How fascism works: the politics of us and them. New York: Random House.

TAGAGIBA, L., TRINDADE, T. & TEIXEIRA, A. C. C. (2015) Protestos à direita no Brasil (2007 – 2015). In: Cruz, S. V.; Kaysel, A.; Codas, G. (orgs.). Direita, volver!: o retorno da Direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Edição Fundação Perseu Abramo, pp. 163-75.

VAN LEEUWEN, T. (1999). Speech, Music, Sound. London: MacMillan.

WELLER, W. (2000). A construção de identidades através do Hip Hop: uma análise comparativa entre rappers negros em São Paulo e rappers turcos-alemães em Berlim. Cadernos do CRH. Salvador: UFBA, v. 13, n. 32, pp. 213-232.

WESTINEN, E. (2017). “Still Alive, Nigga”: Multi-Semiotic Constructions of Self as Other in Finnish Rap Music Videos. In: Leppänen, S.; Westinen, E.; Kytölä, S. (Eds.), Social Media Discourse, (Dis)identifications and Diversities. Routledge, pp. 335-360.

WILLIAMS, Q. E. (2018). Multilingual Activism in South African Hip Hop. Journal of World Popular Music, 5(1), 31-49.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.