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O patrimônio vivencial de um educando
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Palavras-chave

Teoria da atividade sócio-histórico-cultural
Perezhivanie
Agência
Repertório
Patrimônio vivencial

Como Citar

VIEIRA, Daniela Aparecida; SATYRO, Diego; GRANADO, Selma Regina Pato Vila. O patrimônio vivencial de um educando: Pedro quer escrever um livro. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 61, n. 2, p. 350–362, 2022. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661565. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Este artigo aborda aspectos da trajetória pessoal e escolar de um aluno da EJA, em situação de analfabetismo. Para tratar desses aspectos, procuramos responder esta pergunta: como se configura o patrimônio vivencial de um educando de 20 anos de idade, na atividade de alfabetização, em contexto escolar? Buscando respondê-la, escolhemos, como fundamentação teórica, as noções de perezhivanie (VYGOSTKY, 2010; REY, 2016; VERESOV, 2016), agência (NININ; MAGALHÃES, 2016), repertório (BLOMMAERT; BACKUS, 2012; BUSCH, 2017; GUIMARÃES; MOITA LOPES, 2017) e patrimônio (MOLL et al., 1992; ESTEBAN-GUITART; MOLL, 2014; LIBERALI; MEGALE, 2020). A metodologia de pesquisa é qualitativo-interpretativista, na forma de estudo de caso. Os procedimentos de geração de dados são: uma entrevista semiestruturada e conversas entre o educando e a professora-pesquisadora. Tais dados, interpretados à luz do referido arcabouço teórico, sugerem que há uma transformação na agência do sujeito de pesquisa. Essa transformação é reputada não só a fatores internos, mas também a fatores externos, como a relação com a professora alfabetizadora e com a escola onde o educando estuda. Essas mudanças constituem seu patrimônio vivencial.

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