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Interculturalidade, letramento e alternância como fundamentos para a educação indígena
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Palavras-chave

Bilinguismo. Indígenas. Linguística aplicada.

Como Citar

LISBÔA, Flávia Marinho. Interculturalidade, letramento e alternância como fundamentos para a educação indígena. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 56, n. 2, p. 669–688, 2017. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8649254. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O presente artigo reflete acerca do ensino bilíngue para alunos indígenas em contexto multicultural, apresentando uma proposta como resultado de um levantamento bibliográfico em busca de fundamentos que pudessem subsidiar a elaboração de modelos de ensino bilíngue para indígenas nas regiões sul e sudeste do Pará. Com isso, chegamos à proposição de que a tríade composta pela Interculturalidade, Letramento e a Alternância pode fundamentar a construção de modelos de ensino na conjuntura recortada. Para tanto, partimos das perspectivas teóricas da Linguística Aplicada (LA), área que estabelece um corte epistemológico com a linguística teórica no sentido de encaminhar suas teorias, metodologias e análises por proposições próprias. Esse corte é o que tem subsidiado estudos como os que consideram o ensino bilíngue, em prol de comunidades subalternizadas. Cientes de que para cada comunidade é preciso pensar um modelo de ensino bilíngue específico, considerando as especificidades do povo em questão (seus etno-conhecimentos, seus tempos, seus projetos de sociedade, sua cultura etc.), tomamos o cuidado aqui de deixar claro que não temos a pretensão de apresentar uma fórmula, mas elementos que podem inspirar construções em torno do ensino bilíngue em contextos com alunos indígenas. Chegamos a esses três elementos norteados pela premissa de que o ensino bilíngue deve servir para que os sujeitos do campo possam circular nos espaços legitimados e transformar as estruturas de dominação e poder. Esse ensino bilíngue deve servir para que os sujeitos originários não dependam do Outro para escrever sua história e para que possam lutar por equidade epistêmica. Assim, este trabalho reforça o entendimento maior de que trabalhar com língua exige um exercício interdisciplinar, possibilitando assim uma reflexão mais ampla sobre um objeto tão complexo, constituinte e constitutivo dos sujeitos.
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