Resumo
O discurso curricular vem sinalizando a necessidade de relacionar os saberes cotidiano e escolar, porém pouco se tem discutido sobre as características desses saberes. Nessa direção, no campo da educação matemática destacamos a proposta da Etnomatemática. Em geral, a mesma é entendida como uma metodologia de ensino ou como uma possibilidade mágica de relacionar conceitos cotidianos e escolares. Outro entendimento é de negação da Etnomatemática, sob a alegação de que, revendo conceitos cotidianos já conhecidos dos alunos, estes deixariam de ter acesso a conhecimentos escolares. Diante dessas diferentes perspectivas, nos propomos neste trabalho a assinalar alguns elementos que entendemos fundamentais para sua compreensão na perspectiva pedagógica. Partimos de discussões do campo da história e epistemologia das ciências e, à luz dessas considerações, inferimos que a Etnomatemática repousa numa concepção de ciência, de homem e de mundo contemporâneos, mostrando se como uma reação à fragmentação do conhecimento gerada pelo projeto da modernidade.Referências
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