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Contribuições da etnomatemática para formação dos professores indígenas do estado do Tocantins
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Palavras-chave

Etnomatemática
Magistério indígena
Professor indígena

Como Citar

MONTEIRO, Hélio Simplicio Rodrigues. Contribuições da etnomatemática para formação dos professores indígenas do estado do Tocantins. Zetetike, Campinas, SP, v. 26, n. 1, p. 206–220, 2018. DOI: 10.20396/zet.v26i1.8650884. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/zetetike/article/view/8650884. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

Este trabalho é um recorte revisado e traz parte das reflexões feitas na dissertação de mestrado realizada e defendida pelo autor no Instituto de Educação Matemática e Científica da Universidade Federal do Pará. Procura refletir sobre as contribuições da etnomatemática na formação dos professores indígenas que cursam o Magistério Indígena do Estado do Tocantins. O curso é oferecido pela Secretaria de Educação do Estado do Tocantins e funciona nos meses de recesso escolar, para professores que já atuam nas escolas de suas respectivas aldeias, estes são escolhidos pela própria comunidade. O interesse surgiu a partir da observação, onde o autor foi professor formador, das dificuldades encontradas pelos professores índios que cursam o Magistério Indígena nesse estado. Essas dificuldades referem-se tanto na compreensão do conteúdo da matemática escolar, quanto na interseção desta com os aspectos da sua cultura presentes no cotidiano da aldeia. A cultura indígena é rica em conhecimentos que podem servir de motivadores de temas geradores para práticas educativas em sala de aula, tais como a confecção de objetos utilitários e rituais, pintura corporal, festas rituais e atividades como a caça, a pesca, e as atividades de roça e de coleta. Essa diversidade envolve saberes tradicionais, de forma integrada, onde o conhecimento matemático se faz presente. A pesquisa teve como objetivo geral investigar o quanto os estudos etnomatemáticos podem contribuir com as diferentes relações e práticas do meio cultural indígena, podendo as mesmas serem utilizadas como elementos motivadores no ambiente escolar para o fortalecimento da identidade cultural indígena e particularmente para o aprendizado da matemática. Teve como questão norteadora: por que, tendo os professores indígenas todo um arsenal que o circunda em todos os seus afazeres, com suas práticas sociais, que englobam aí práticas que nomeamos matemática, em total sintonia com sua cosmologia, por que esses professores não utilizam esses afazeres em suas aulas no geral e mais especificamente em suas aulas de matemática? Como podemos reconhecer as facilidades e os impedimentos, referentes ao professor indígena, em utilizar os elementos da própria cultura indígena em atividades nas aulas de Matemática? Os procedimentos metodológicos utilizados são de abordagem do tipo qualitativa e incluem vários instrumentos de análise utilizados como diário de campo, entrevistas e relatórios de viagens. Nesse propósito, a pesquisa tem como base a Etnomatemática e a Educação Intercultural Bilíngue nas pesquisas de D’Ambrosio (1990, 2002), Domite (2009), Cauty (2009), dentre outros. A relação entre esses saberes e a matemática escolar, na perspectiva etnomatemática, poderá agregar valores significativos na compreensão e apreensão de novos saberes sem perder de vista a sua riqueza cultural, ou seja, tendo como suporte a sua cultura, se apropriar de conhecimentos que sejam de suma importância na defesa de seus interesses, nas relações estabelecidas com a sociedade envolvente. Por fim o trabalho sinaliza que, do ponto de vista da concepção de educação escolar indígena e da educação intercultural bilingue, esse pode ser o fio condutor na valorização dos saberes tradicionais, sua vivência e fortalecimento de relações, sem perder de vista a apropriação de outros saberes, oriundos de outras práticas culturais.

https://doi.org/10.20396/zet.v26i1.8650884
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Referências

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