Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar os sentidos de currículo acadêmico e de extensão universitária que têm sido produzidos e que circulam no âmbito acadêmico. Investigando materiais produzidos por diferentes atores sociais que atuam na Universidade Federal do Rio de Janeiro, interessa-nos compreender as lutas hegemônicas responsáveis pelo posicionamento da extensão nos currículos acadêmicos. Dialogando com autores que têm focalizado a universidade (Boaventura de Sousa Santos) e seus currículos (Antonio Flavio Moreira), assim como aqueles que têm problematizado as interfaces entre conhecimento, poder e cultura – tais como Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo –, sustentamos a idéia de que a extensão, como espaço ambivalente, reproduz e subverte discursos hegemônicos sobre os conhecimentos acadêmicos. A análise realizada permitiu-nos identificar, nos textos investigados, a presença de ambivalências expressas por meio de marcas subversivas e, simultaneamente, de vestígios de outros discursos que participam das lutas hegemônicas pela estabilização de sentidos sobre extensão universitária. Defendemos que a extensão, ao se aproximar da lógica disciplinar, busca se fortalecer no âmbito universitário afastando-se do lugar de subalternidade no qual tem sido historicamente colocada e apostando em um novo campo de possibilidades, ainda que criticando essa mesma lógica por meio da noção (igualmente ambivalente) de ‘flexibilização curricular’.
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