Resumo
A proposta da educação inclusiva coloca sob responsabilidade da escola a educação dos alunos de acordo com suas especificidades, inclusive dos sujeitos com altas habilidades/superdotação. No entanto a escola vê-se envolvida e influenciada por uma rede de relações políticas, sociais, culturais, etc. e precisa dar conta de suas funções pedagógicas. Neste sentido, este debate faz um recorte de alguns resultados de uma pesquisa desenvolvida durante o Mestrado no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. Este trabalho busca tencionar algumas peculiares que entrecruzam a constituição do ambiente escolar e o reconhecimento dos alunos surdos com altas habilidades/superdotação. A partir de uma análise qualitativa, utilizaram-se os estudos de alguns autores como Pérez (2004), Varela; Alvarez-Uría (1992), Lunardi (2004), Forquin (1993) entre outros, para debater a respeito da temática proposta, sendo que pensar o reconhecimento destes alunos envolve percebê-los como sujeitos diferentes em suas peculiaridades, mas que necessitam dos demais para se constituir, para organizar e significar sua identidade como tal. A identificação dos alunos surdos com características de altas habilidades/superdotação fez com que os envolvidos neste processo passassem a construir um conhecimento sobre a temática e sobre estas pessoas, desvelando novos saberes e desconstruindo outros. Constatou-se, também, que a cultura a qual a pessoa está inserida influencia no reconhecimento de suas habilidades, uma vez que o ambiente pode valorizar mais certos conhecimentos em detrimento de outros, assim como incentivar com maior empenho algumas habilidades mais valorizadas por aquele grupo ou por aquela cultura.
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