Resumo
O contexto educativo promovido pelas tecnologias digitais tem sido objeto de investigação de inúmeros pesquisadores. Abordam o tempo diminuto com que as informações circulam e a quantidade expressiva de atividades humanas supostamente facilitadas pelas tecnologias digitais. Como se daria, então, a relação entre percepção temporal e necessidade de atividade no processo educativo face à sociedade do excesso? Este artigo tem por objetivo discutir esta questão uma vez que se trata de um fato por vezes minimizado pelas pesquisas que abordam o uso das tecnologias de informação e comunicação na educação. Foi feita uma revisão narrativa da literatura e seu cotejo com nossa prática educativa nas condições de psicólogos de uma instituição de educação profissional e tecnológica e professores do magistério superior. Consumo de marcas, formação continuada, produtivismo no trabalho e redução da experiência subjetiva são formas de lidar com a emergente necessidade de atividade na sociedade do excesso. Nossas análises indicam que existe uma percepção de tempo comprimida, o que deporia contra uma urgente e ampliada necessidade de atividade fruto de uma sociedade do excesso. Tal situação exigiria dos profissionais da educação uma revisão de suas práticas pedagógicas no sentido minimizarem os efeitos da compressão temporal.Referências
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