Resumo
Embora o cinematógrafo tenha surgido como prolongamento da lógica planimétrica, atualizando desta forma o modelo cartográfico do Atlas, o seu aparecimento veio concretizar o sonho – já contido em potência na lógica do mapa – de percorrer o mundo em linha reta, sem interrupções, suplantando qualquer restrição espácio-temporal. Trata-se de examinar a natureza bifronte do cinema, o seu estatuto de fronteira entre a conceção espacial própria do modelo de matriz geométrico-euclidiana e a implementação da lógica do globo, isto é, a passagem da tendência cartográfica do cinema à criação e proliferação da imagem eletronumérica através da qual, graças também à progressiva colonização da atmosfera, a Terra deixa de ser pensada como plana para adquirir a forma de uma rede de interseções e linhas. A lógica planimétrica, subjacente à imagem-vestígio, deixa de orientar o mundo. A globalização nega a geometria euclidiana, e a ubiquidade e instantaneidade, implementadas pela velocidade com que circula a imagem eletronumérica, causam a progressiva desespacialização da realidade, razão pela qual a imagem eletronumérica já não representa “o mundo que se faz imagem” mas “o imaginário que se torna mundo”, gerando inevitavelmente um novo horizonte experiencial.
Referências
ARENDT, Hannah. The human condition. Chicago: The University Chicago Press, 1958. Available in: http://goo.gl/tIbRiQ. Access in: 01 Sep. 2016.
BENJAMIN, Walter. The storyteller. Observations on the works of Nikolai Leskov. In: EILAND, Howard; JENNINGS, Michael W. (Ed.). Walter Benjamin: selected writings. Vol. III – 1935-1936.
Cambridge/London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2002, p. 143-166.
BENJAMIN, Walter. Paris, the capital of the nineteenth century. Daguerre, or the panoramas. In: BENJAMIN, Walter. The arcade project. Translators of Howard Eiland and Kevin McLaughlin. Cambridge/London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2003, p. 05-06. Available in: http://goo.gl/4OEerZ. Access in: 01 Sep. 2016.
BERTETTO, Paolo. Lo specchio e il simulacro. Il cinema nel mondo diventato favola. Milan: Bompiani, 2008.
BRUNO, Giuliana. Atlante delle emozioni. In viaggio tra arte, architettura e cinema. Milan: Bruno Mondadori Editori, 2006.
CAPUCCI, Pier Luigi. Realtà del virtuale. Rappresentazioni tecnologiche, comunicazione, arte. Bologne: Clueb, 1993.
CASETTI, Francesco. L'occhio del novecento. Cinema, esperienza, modernità. Milan: Bompiani, 2005.
COQUET, Jean-Claude. Le istanze enuncianti. Fenomenologia e semiotica. Milan: Bruno Mondadori Editori, 2008.
DANEY, Serge. Ciné Journal 1981-1986. Paris: Cahiers du Cinéma, 1986.
DANEY, Serge. L'exercice a été profitable, Monsieur. Paris: P.O.L., 1993.
DANEY, Serge. Persévérance. Paris: P.O.L., 1994.
DE VECCHI, Cristina. La rappresentazione del paesaggio. Funzione documentaria e riproducibilità tecnica. Milan: Cuem, 2000.
FARINELLI, Franco. La crisi della ragione cartografica. Turin: Einaudi, 2009.
LÉVY, Pierre. Il virtuale. Milan: Raffaello Cortina Editore, 1997.
MERLEAU-PONTY, Maurice. L'Œil et l'Esprit. Paris: Éditions Gallimard, 1964a.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Le visible et l'invisible. Paris: Éditions Gallimard, 1964b.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Sens et non-sens. Paris: Éditions Gallimard, 1996.
PARENTE, André. O virtual e o hipertextual. Rio de Janeiro: Pazulin, 1999. Available in: http://goo.gl/emdxWn. Access in: 01 Sep. 2016.
PARENTE, André. Imagens que a razão ignora: a imagem de síntese e a rede como novas dimensões comunicacionais. Galáxia: Revista Transdisciplinar de Comunicação, Semiótica, Cultura, São Paulo, SP, n. 04, p. 113-123. 2002. Available in: http://goo.gl/6YpO3k. Access in: 01 Sep. 2016. ISSN 1982-2553.
SCHEFER, Jean Louis. L'homme ordinaire du cinéma. Paris: Éditions Gallimard, 1980.
SLOTERDIJK, Peter. Il mondo dentro il capitale. Translator Rodeschini, Silvia. Rome: Maltemi, 2006.
VIRILIO, Paul. Esthétique de la disparition. Paris: Édition Galilée, 1989.
VIRILIO, Paul. L'art à perte de vue. Paris: Éditions Galilée, 2005.
A ETD - Educação Temática Digital utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.