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Espaços virtuais moventes das escolas ocupadas de Porto Alegre: o apoio mútuo como base da inteligência coletiva
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Palavras-chave

Exercício de cidadania. Aprendizagem mútua. Educação política.

Como Citar

COSTA, Luciano Bedin da; SANTOS, Manuella Mattos dos. Espaços virtuais moventes das escolas ocupadas de Porto Alegre: o apoio mútuo como base da inteligência coletiva. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 19, n. 1, p. 49–72, 2017. DOI: 10.20396/etd.v19i1.8647802. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8647802. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo analisa o movimento de ocupação escolar a partir dos espaços virtuais. Entre maio a junho de 2016 foram ocupadas 41 escolas estaduais na cidade de Porto Alegre. O movimento foi uma estratégia de resistência coletiva ao sucateamento e desvalorização da educação pública por parte do Estado. 40 das escolas ocupadas utilizaram o Facebook enquanto ferramenta de organização, cooperação e divulgação junto à sociedade. Para dimensionar o uso das redes neste movimento foram coletados os dados das páginas virtuais de todas as escolas envolvidas, assim como o número e qualidade das ‘curtidas’ e compartilhamentos. Os espaços virtuais possuem um caráter multiplicador e viral, propagando, de maneira rápida e direta, as informações aos seus usuários. Tem-se, portanto, uma poderosa rede de informações que constituem o que Pierre Lévy chama de inteligência coletiva, em que os sujeitos envolvidos reinventam as relações e as formas de aprendizagem. Nessas páginas os estudantes atuam de acordo com suas próprias demandas, construindo relações horizontais com a comunidade virtual que, por meio de compartilhamentos e interações, colaboram com a manutenção e ampliação das ocupações. As trocas de conhecimento são mantidas pelo que Piotr Kropotkin designa como apoio mútuo, redes de colaboração espontânea que extrapolam fronteiras institucionalizadas. Uma vez estabelecidas, estas relações alteram os territórios conhecidos, ultrapassando barreiras e limites geográficos. Para além de uma mera ferramenta de comunicação, esses espaços virtuais tornam-se dispositivos para constituição e fortalecimento de uma inteligência política coletiva, tão imprescindíveis quanto os movimentos operados pelos estudantes no interior das escolas.

https://doi.org/10.20396/etd.v19i1.8647802
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