Resumo
A notícia das ocupações estudantis na rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro surpreendeu pesquisa então em andamento, em colégio de ensino médio dessa mesma rede, que apontava grande dificuldade de organização política do corpo discente. Realizam-se, então, visitas a escolas ocupadas e entrevistas com ativistas, com foco em aspectos político-pedagógicos do movimento, concebidas, desenvolvidas e problematizadas com base na abordagem narrativa proposta por Leonor Arfuch, bem como nas noções de performatividade e iterabilidade da linguagem, segundo Jacques Derrida e Judith Butler. A discussão dos registros das entrevistas evidenciou a pertinência da perspectiva interseccional para tais estudos, colocando sob rasura categorizações inicialmente assumidas pela pesquisa, como jovem e estudante, além de evidenciar a relevância da identificação de gênero na contingência pesquisada. Concluímos, ainda, pela riqueza e radicalidade das invenções desse movimento, que impõem a necessidade de abertura a novas possibilidades de ativismo político, bem como pela urgência da criação de outro vocabulário e gramática para a abordagem político-pedagógica desse novo ativismo, para o quê defendemos a pertinência de uma perspectiva desconstrutora e interseccional.Referências
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