Banner Portal
A infância no fio da navalha: construção teórica como agir ético
PDF

Palavras-chave

Infância. Ética. Participação. Proteção.

Como Citar

PEREIRA, Rita Ribes; GOMES, Lisandra Ogg; SILVA, Conceição Firmina Seixas. A infância no fio da navalha: construção teórica como agir ético. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 20, n. 3, p. 761–780, 2018. DOI: 10.20396/etd.v20i3.8649227. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8649227. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

O debate sobre a ética na pesquisa em Ciências Humanas, mais particularmente na pesquisa com crianças, é um tema candente no contexto brasileiro, assim como as condições de interlocução do pesquisador com os sujeitos que participarão de sua pesquisa têm ocupado um papel central. Considerando esse foco, nossa intenção é trazer para o centro do debate a dimensão ética que se faz presente na própria teoria, isto é, conceber a teoria como um agir ético. Partimos do pressuposto de que a pesquisa em Ciências Humanas sempre implica um outro, mesmo que não haja previsão de um trabalho de campo. O outro está incrustrado na teoria, seja naquilo que o conhecimento sistematizado pela humanidade já nos oferece como perspectiva de visada, seja naquilo que inauguramos com o nosso próprio pensar. Pensar, neste sentido, é um agir ético, na medida em que implica um outro e um posicionamento sobre esse outro. Quem é o outro-criança para os pesquisadores da infância? Que implicações éticas se impõem quando nos colocamos a pensar a infância? Por que pensar a infância? Para quê? Qual o lugar das crianças na teoria que produzimos sobre elas? Neste texto procuraremos perseguir essas indagações a partir da tensão que se dá entre participação e tutela, proteção e autoria, experiências de alteridade entre crianças e adultos na vida social que são postas em xeque no fazer teórico, posto que teorizar não implica apenas em descrever o mundo social, mas também em instaurá-lo.

https://doi.org/10.20396/etd.v20i3.8649227
PDF

Referências

AMORIM, Marília. O pesquisador e seu Outro. Bakhtin nas Ciências Humanas. São Paulo: Musa, 2004.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato. São Carlos: Pedro e João Editores, 2010.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. A ética na pesquisa etnográfica com crianças: primeiras problematizações. Práxis Educativa. Ponta Grossa, vol. 9, n.º 1, p. 235-245, jan./jun., 2014.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas v. I – Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

BRASIL. Decreto 99.710, de 21 de novembro de 1990. Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 22 nov. 1990a.

BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 16 jul. 1990b.

BRASIL. Lei n.º 13.257, de março de 2016. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 9 mar. 2016.

CASTRO, Lucia Rabello de. Os jovens podem falar? Sobre as possibilidades políticas de ser jovem hoje. In: DAYRELL, Juarez; MOREIRA, Maria Ignez Costa; STENGEL, Márci (Orgs.). Juventudes Contemporâneas: um mosaico de possibilidades. Belo Horizonte: Editora PUCMinas, 2011.

CASTRO, Lucia Rabello de. O futuro da infância e outros escritos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013.

CHRISTENSEN, Pia; PROUT, Alan. Working with ethical symmetry in social research with children. Childhood, vol. 9, n.º 4, p. 477-497, 2002.

GIDDENS, Anthony. Dimensões da modernidade. In: Sociologia, problemas e práticas. Lisboa: Centro de investigação e estudos de sociologia, nº. 4, maio, p. 237-251, 1988.

GRAHAM, Anne; FITZGERALD Robyn. Progressing children’s participation: exploring the potential of a dialogical turn. Childhood, vol. 17, nº. 3, p. 343-359, 2010.

LANSDOWN, Gerison. Children’s rights. In: MAYALL, Berry (Ed.). Children’s childhoods: observed & experienced. London: The Falmer Press, 1994.

MATTOS, Amana; PÉREZ, Beatriz Corsino; ALMADA, Carlos Vinícius Ribeiro; CASTRO, Lucia Rabello de. O cuidado na relação professor-aluno e sua potencialidade política. Estudos de Psicologia, vol. 18, n.º 2, p. 369-377, 2013.

MATTOS, Amana. Conflitos geracionais na escola: a produção das diferenças etárias em contextos hierarquizados. In: I Simpósio em Psicologia Crítica USP – Estabelecendo Diálogos: Teorias Críticas, Psicanálise, Análise de Discurso, Feminismo, Pós-Colonialismo, Epistemologia, Metodologia. São Paulo, 2013.

MAYALL, Berry. Sociologies de l’enfance. In: BROUGÈRE, Gilles; VANDENBROECK, Michel (Dir). Repenser l’education des jeunes enfantes. Bruxelles: P.I.E Peter Lang, 2007.

PEREIRA, Rita Ribes. Um pequeno mundo próprio inserido num mundo maior. In: PEREIRA, Rita Ribes; MACEDO, Nelia Mara Rezende. (Orgs.) Infância em pesquisa. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2012.

PRADO, Renata Lopes Costa. A participação de crianças em pesquisas brasileiras das ciências humanas e sociais. Tese (doutorado) – Programa de Pós-graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. Instituto de Psicologia, USP, 2014.

QVORTRUP, Jens. Nove teses sobre a “infância como um fenômeno social”. In: Pro-posições. Campinas, vol. 22, n.º 01, p. 199-211, jan./abr., 2011.

QVORTRUP, Jens. Childhood as a Social Phenomenon: an introduction to a series of national reports. In: Eurosocial Report. Vienna: European Centre, n.º 36, p. 7-39, 1990.

QVORTRUP, Jens. Infância e política. In: Cadernos de Pesquisa. São Paulo, vol. 40, n.º 141, p. 777-792, set./dez., 2010.

QVORTRUP, Jens. A dialética entre a proteção e a participação. Currículo sem Fronteiras, vol. 15, n.º 1, p. 11-30, 2015.

QVORTRUP, Jens. Sociology of childhood: Conceptual liberation of children. In: MOURITSEN, Flemming; QVORTRUP, Jens (Eds.). Childhood and children culture. Odense: Odense University Press, 2002 (Versão expandida e revisada de: ______. Childhood in Europe: a new field of social research. In: CHISHOLM, Lynne et al. (Eds.) Growing up in Europe. Berlin/New York: De Gruyter, 1995).

PINTO, Manuel; SARMENTO, Manuel. As crianças: contextos e identidades. Braga: Centro de Estudos da Criança/ Universidade do Minho, 1997.

SGRITTA, Giovanni. La cittadinanza ‘negata’. In: MAGGIONI, Guido; BARALDI, Claudio. Cittadinanza dei bambini e costruzione sociale dell’infanzia. Urbino/Itália: Edizioni QuattroVenti, 1997.

SGRITTA, Giovanni; SAPORITI, Angelo. Childhood as a social phenomenon. Implication for future social policy. International comparative research project. National research council. Country report 1989, vol. 13, p. 679-690, june, Italy, 1989.

SOARES, Natália Fernandes. Os direitos das crianças nas encruzilhadas da proteção e da participação. Zero-a-Seis. Florianópolis, vol. 7, n.º 12, p. 8-18, jan. 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/2100. Acesso em: 26 fev. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.5007/2100.

THOMAS, Nigel. Towards a theory of children’s participation. International Journal of Children’s Rights. vol. 15, p. 199-218, Martinus Nijhoff Publishers, Leiden/Boston, 2007.

YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova, n.º 67, p. 139-190, 2006.

A ETD - Educação Temática Digital utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.