Resumo
Este artigo aborda possíveis efeitos do capital escolar no acesso à mobilidade acadêmica internacional ofertada pelo programa Ciência sem Fronteiras, e tem como objetivo analisar a influência tanto do passado escolar na determinação de um perfil ideal para a mobilidade acadêmica quanto do percurso escolar e de experiências de mobilidade nessa trajetória. Em síntese, a intenção é a de verificar a hipótese de estarmos diante de uma “elite escolar”, composta por sujeitos que passaram por um rigoroso processo de seleção escolar que, por meio de investimentos familiares e pessoais, tiveram as condições requeridas para o acesso a esse tipo de mobilidade. Tanto no contexto internacional, sobretudo na Europa, em função da amplitude do programa Erasmus, quanto no Brasil, o tema tem ganhado espaço, sobretudo após o advento do CsF, o que evidencia sua importância no cenário das políticas educacionais mundiais. A metodologia de análise fundamentou-se nos parâmetros da amostragem aleatória simples e análise de conteúdo. Os resultados comprovaram a hipótese de que o perfil do estudante considerado apto à mobilidade, sobretudo selecionado com as bolsas para instituições mais concorridas também tinham uma trajetória escolar sem percalços, até mesmo no contexto universitário. Muitos eram ligados às atividades de iniciação científica, monitoria e extensão universitária. Será designado como CsF nas próximas referências.
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