Banner Portal
A noção de competência como instrumento desarticulador da formação política e científica dos professores
Foto de capa: Antonio Carlos Dias Júnior
PDF

Palavras-chave

Neoliberalismo
Curso de Pedagogia
BNCC
Formação docente

Como Citar

SILVA, Adelson Ferreira; GOMES, Suzana dos Santos. A noção de competência como instrumento desarticulador da formação política e científica dos professores. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 25, n. 00, p. e023060, 2023. DOI: 10.20396/etd.v25i00.8671337. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8671337. Acesso em: 5 maio. 2024.

Resumo

O objetivo desse artigo é analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica instituída pela Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Por meio de uma problematização histórico-epistemológica, procura-se interpretar criticamente as principais categorias identificadas com o discurso neoliberal e com as políticas conservadoras, cuja orientação traz implicações conflitantes para o curso de Pedagogia e para a formação docente. Como ponto de partida, foram selecionadas referências que abordam o avanço da racionalidade economicista na educação no cenário internacional na virada do século XX para o século XXI. Dentre elas, destacam-se Khôi (1970), Apple (2003), Ball (2010) e Laval (2019). Os resultados atestam que a indústria do ensino caracterizada pela aplicação dos métodos e da terminologia economicista na educação visa uma escola centrada na ideologia da profissão, a fim de operar a maquinaria empresarial. Verificou-se ainda que a exigência de abordagem didático-metodológica alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa uma forma de controle pedagógico. Além disso, o uso estratégico da noção de competência profissional docente tem promovido a desarticulação da formação intelectual, cultural, política, científica e pedagógica referenciada na ciência da educação.

https://doi.org/10.20396/etd.v25i00.8671337
PDF

Referências

APPLE, Michael W. Educando à direita: mercados, padrões, Deus e desigualdades. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Cortez, 2003.

APPLE, Michael W. Ideologia e currículo. 3. ed. Tradução de Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BALL, Stephen J. Performatividades e fabricações na economia educacional: rumo a uma sociedade performativa. Tradução de Marcelo de Andrade Pereira. Revisão da tradução de Luís Armando Gandin. Revista Educação e Realidade, v. 35, n. 2, p. 37-55, maio/ago. 2010.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 1/2002, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, cursos de licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 31, 9 abr. 2002. Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf. Acesso em: 5 jul. 2022.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Diário Oficial da União, Brasília, 15 abr. 2020, Seção 1, p. 46-49.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaios sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.

FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404, abr./jun. 2012.

GENTILI, Pablo. O discurso da “qualidade” como nova retórica conservadora no campo educacional. In: GENTILI, Pablo; SILVA, Tomaz Tadeu da. Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. 11. ed. São Paulo: Editora Vozes, 2002.

GIROUX, Henry A. Atos impuros: a prática política dos estudos culturais. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2003.

GIROUX, Henry A.; FIGUEIREDO, Gustavo O. Por uma práxis radical na luta em defesa da democracia: desafios contemporâneos para a formação política e a educação crítica no século XXI. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, e2014787, p. 1-25, 2020.

HYPOLITO, Álvaro Moreira. BNCC, agenda global e formação docente. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 13, n. 25, p. 187-201, jan./maio 2019.

HYPOLITO, Álvaro Moreira. Padronização curricular, padronização da formação docente: desafios da formação pós-BNCC. Revista Práxis Educacional, [S. l.], v. 17, n. 46, p. 1-18, jul./set. 2021.

KHÔI, Lê Thành. A indústria do ensino. Tradução de Maria Fernanda Margarido Correia. Barcelos: Companhia Editora do Minho, 1970.

LAVAL, Cristhian. A escola não é uma empresa: neoliberalismo em ataque ao ensino público. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2019.

LIBÂNEO, José Carlos; FREITAS, Raquel A. Marra da Madeira (org.). Políticas educacionais neoliberais e escola pública: uma qualidade restrita de educação escolar. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico, 2018. E-book.

NÖRNBERG, Marta. Políticas conservadoras e (des)intelectualização da docência. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, e2015360, p. 1-14, 2020.

OLIVEIRA, Dalila Andrade. Políticas conservadoras no contexto escolar e autonomia docente. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, e2015335, p. 1-18, 2020.

PRADO, Edna. Da formação por competências à pedagogia competente. Revista Múltiplas Leituras, v.2, n. 1, p. 115-130, jan./jun. 2009.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Tradução de Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1999.

MACHADO, Nilson José. Sobre a ideia de competência. In: PERRENOUD, Philippe; THURLER, Mônica Gather (org.). As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Tradução de Claúdia Schilling e Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.

PORTELINHA, Ângela Maria Silveira. As DCN/2019 para a formação de professores: tensões e perspectivas para o curso de pedagogia. Revista Práxis Educacional, v. 17, n. 46, p. 1-21, jul./set. 2021. DOI: 10.22481/praxisedu.v17i46.8925

RAMOS, Marise Nogueira. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

RAVITCH, Diane. Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Tradução de Marcelo Duarte. Porto Alegre: Sulinas, 2011.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. Campinas: Autores Associados, 2013.

SILVA, Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da; CRUZ, Shirleide Pereira da Silva. Projetos em disputa na definição das políticas da formação de professores para a educação básica. Revista Práxis Educacional, v. 17, n. 46, p. 1-16, jul./set. 2021.

SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

WERLE, Flávia Obino Corrêa. Políticas de avaliação em larga escala na educação básica: do controle de resultados à intervenção nos processos de operacionalização do ensino. Ensaio: Aval. Pol. Públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 19, n. 73, p. 769-792, out./dez. 2011.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 ETD - Educação Temática Digital

Downloads

Não há dados estatísticos.