Resumo
Este artigo identifica e analisa elementos relacionados ao trabalho e à educação em Adam Smith e Karl Marx. Por meio da análise comparada foram estudados textos base nos quais estes clássicos debatem, nos séculos XVIII e XIX, os seguintes elementos: trabalho e seus diferentes tipos; causas e consequências da divisão do trabalho; aumento da produtividade; ferramentas de trabalho; riqueza social; processo de formação dos salários; homem e trabalhador; sociedade e Estado; história; e educação. Dentre os resultados, destaca-se o trabalho, para Smith, como a base que fornece o necessário aos homens, cuja divisão técnica possibilitaria estender bem-estar. Para Marx, o trabalho é a forma de produção da vida humana e sua divisão, social e técnica, de determinado modo cria o capitalismo. Os teóricos convergem que a riqueza social resulta do trabalho, porém, contrastam entre “naturalmente” distribuído versus fruto da exploração e apropriada privadamente. Em Smith, a educação está vinculada aos conhecimentos necessários ao trabalho, para o aumento da produção e o desenvolvimento da nação. Marx situa-a como instrumento de classe, necessidade decorrente dos avanços dos meios de produção, atrelada à divisão social, o que confere caráter unilateral ao desenvolvimento humano. São apontadas, portanto, divergências, especificidades, bem como concepções diametralmente opostas, as quais seguem fundamentando a formação humana, sob a visão burguesa ou à tessitura da sua crítica e superação, a qual permanece necessária e atual enquanto o modo de produção capitalista existir.
Referências
ALVES, G. L. A produção da escola pública contemporânea. Campinas: Autores Associados, 2006.
ANTUNES, R. O trabalho, sua morfologia e a era da precarização estrutural. Revista Theomai - Estudios sobre Sociedad y Desarrollo, Argentina, n. 19, p. 47-57, set. 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/124/12415104007.pdf. Acesso em: 04 abr. 2013.
CIAVATTA, M. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e de identidade. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (org.). Ensino médio integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. p. 83-105.
ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. 3. ed. São Paulo: Centauro, 2002.
ENGELS, F. Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã. In: MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa Omega, [19--]. p. 169-207. V. 3.
ENGELS, F. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: ANTUNES, R. (org.). A dialética do trabalho: escritos de Marx e Engels. São Paulo: Expressão Popular, 2013, p. 13-29.
ENGUITA, M. F. Do lar à fábrica, passando pela sala de aula: a gênese da escola de massas. In: ENGUITA, M. F. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989, p. 105-131.
FRANCO, M. C. Quando nós somos o outro: Questões teórico-metodológicas sobre os estudos comparados. Educação & Sociedade, Brasil, v. 21, n. 72, p. 197-230, ago. 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/xGMSnNdj7LYCdPrgFNp7C5Q/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 26 maio 2023.
FRIGOTTO, G. Fundamentos científicos e técnicos da relação trabalho e educação no Brasil de hoje. In: LIMA, J. C. F.; NEVES, L. M. W. (org.). Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2006. p. 241-288.
LOMBARDI, J. C. Educação, ensino e formação profissional em Marx e Engels. In: LOMBARDI, J. C.; SAVIANI, D. (org.). Marxismo e educação: debates contemporâneos. 2. ed. Campinas: Autores Associados: HISTEDBR, 2008. p. 1-38.
LOMBARDI, J. C. Modo de produção e educação: notas preliminares. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, v. 1, p. 43-53, 2009. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/9837/7122. Acesso em: 02 set. 2016.
LOMBARDI, J. C. Reflexões sobre educação e ensino na obra de Marx e Engels. 2010. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, 2010.
LONDON, J. A paixão do socialismo: de vagões e vagabundos e outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 2000.
MARX, K. Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985. Livro I, vol. I.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MARX, K. Crítica ao programa de Gotha. São Paulo: Boitempo, 2012.
MARX, K. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858 - esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011.
MARX, K. O trabalho alienado. In: MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos, 1844. Disponível em: www.marxists.org/portugues/marx/1844/manuscritos/index.htm. Acesso em: 18 set. 2008.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do Socialismo alemão em seus diferentes profetas (1845-1846). 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2007.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MARX, K.; ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. 2. ed. São Paulo: Moraes, 1992.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.
SAVIANI, D. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, p. 152-180, jan./abr. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf. Acesso em: 20 mar. 2013.
SMITH, A. A riqueza das nações. Investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. Livro I.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Débora Zuck