Resumo
O objetivo é analisar o ensino de geografia na perspectiva da abordagem histórico-crítica. O processo prática-teoria-prática problematiza a geografia que se ensina na escola pública de hoje, o questionamento do conteúdo e o método e o retorno à prática para definir a função social do ensino de geografia. Cabe ao ensino de geografia contribuir para que estudantes se tornem contemporâneos do seu tempo-espaço, compreendendo sua inserção na lógica da realidade sócio-espacial-territorial da sociedade capitalista. Lógica que requer a intervenção de todos visando superá-la, dada a sua estruturada fundamentada na violenta expropriação do povo do campo, nas precárias condições do trabalho supostamente livre, na desumanização pelo rapto e exploração de crianças e escravização dos negros africanos; origem e manutenção da propriedade privada capitalista baseada na exploração do trabalho alheio e no estranhamento humano. Sua organização geográfica, com a distinção entre produtor e meio de produção, conduziu à separação do trabalhador em relação à natureza e ao seu território, tornados propriedade privada; aos problemas ecológico-territoriais; ao dinheiro como mercadoria universal; à separação campo-cidade e à vida cotidiana fragmentada em distintos lugares; e à megaurbanização da humanidade. Como explorar as contradições do capitalismo com projeto de educação que contribua para superação desta sociedade de classes, pautando-se no conhecimento sistematizado? A pedagogia histórico-crítica oferece subsídios ao trabalho pedagógico nesta visão contra hegemônica e crítica da escola capitalista. As determinações espaciais e da alienação humana da sociedade burguesa orienta a articulação finalidade-conteúdo-método no ensino de geografia.
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