Resumo
Este artigo, problematiza os impactos do ensino remoto no estado emocional de professoras alfabetizadoras iniciantes da carreira docente, durante o distanciamento social imposto para conter a disseminação da Covid-19. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada com quatro professoras da rede pública municipal do Rio Grande do Sul. Os dados são oriundos das narrativas produzidas nos encontros de formação, que indiciam complexidades com relação às adaptações iniciais da nova modalidade de ensino, frente as demandas do trabalho remoto. Observou-se que a lógica capitalista de uma superprodução constante, invade e compromete o tempo relacionado ao descanso e lazer dessas profissionais, extrapolando sua carga horária habitual. As docentes sentem-se sobrecarregadas com tantas exigências que transgridem suas responsabilidades profissionais, levando-as à exaustão ou doenças psíquicas.
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