Resumo
No século XIX o artista precisava se diferenciar para se destacar. Mas a imagem pessoal que construíam para si, por mais inovadora que fosse, era o resultado de um processo que tinha como referencial artistas já bem sucedidos. Nosso propósito com esse artigo é analisar alguns dos possíveis modelos de modernidade que os artistas brasileiros possuíram no século XIX, e o modo como, pautados nesses modelos, construíram as suas imagens públicas de artistas modernos. Para realizarmos essa análise, lançamos mão da fortuna crítica sobre o tema, de escritos redigidos no século XIX e de (auto)retratos dos artistas contemplados no artigo. Foi possível verificarmos que os artistas, instintivamente, ou conscientemente, entendiam a necessidade de projetar publicamente uma imagem pessoal convincente, para se diferenciarem e garantirem a atenção pública necessária para adquirir uma vantagem competitiva. A (auto)construção da imagem pública do artista era estruturada em função das circunstâncias, do país onde se encontrava, dos modelos e representações em voga, da opinião dos críticos e do mercado de arte.
Referências
BÄTSCHMANN, Oskar. The artist in the modern world – The conflict between market and self-expression. Yale: Yale University Press, 1997.
BILLETER, Erika. L'autoportrait à l'age de la photographie: peintres et photographes en dialogue avec leur propre image. Lausanne: Musée Cantonal des Beaux-Arts, l985.
BONNET, Alain. La transfiguration de l´artiste. L'artiste en représentation. Images des artistes dans l'art du XIXe siècle. Paris: Fage, 2013.
CAMARATE, Alfredo. Ao visitante. Catálogo dos quadros de Henrique Bernardelli e Nicolao Facchinetti, expostos na Imprensa Nacional em 1886.
CASTIGLIONE, Baldassare. O cortesão. Tradução de Carlos Nilson Moulin Louzada. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
CHIRTANI, Luigi. Esposizione Nazionale di Belle Arti. Corriere della Sera. Milano, maggio 1881.
COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas - o que dizem nossos pintores, escultores, arquitetos e gravadores, sobre as artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia, 1927.
CUMMING, Laura. A face to the world. London, HarperCollins Publishers, 2009.
D`ANNUNZIO, Gabriele. Dell´arte di Francesco Paolo Michetti [1896]. Gabriele D`Annunzio: Prose scelte. Milano: Mandadori, 1906.
DAMIGELLA, Anna Maria. Michetti, Dipinti, Pastelli, Disegni. Napoli: Electa, 1999.
DAZZI, Camila. Geografia dos ateliês de artistas brasileiros em Roma (1880-1900). Oitocentos - Tomo IV: O ateliê do artista. Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2017.
DAZZI, Camila. O moderno no Brasil ao final do século 19. Revista de História da Arte e Arqueologia, v. 11, 2012.
DI TIZIO, Francesco. Francesco Paolo Michetti nella Vita e nell´arte. Pescara: Ianieri Editore, 2006.
DUQUE, Gonzaga. Impressões de um amador: textos esparsos de crítica (1882-1909). Vera Lins (org.). Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2001.
ECKERMANN, Johann Peter: Conversações com Goethe nos últimos anos de sua vida 1823-1832. São Paulo: UNESP, 2016.
ESNER, Rachel. In the artist's studio with l'illustration. RIHA Journal, n. 69, 18 March, 2013.
GOUPIL & CIE. Galerie Contemporaine. Littéraire. Artistique. Paris: L. Baschet, 1876.
KAUSCH, Michael. August Rodin, l`image du tailleur d`images. L'artiste en représentation. Images des artistes dans l'art du XIXe siècle. Paris: Fage, 2013.
KRISTELLER, Paul Oskar. The modern system of the arts: a study in the history of aesthetics. Part I. Journal of the History of Ideas, Vol. 12, n. 4, Oct., 1951.
LEMEUX-FRAITOT. Girodet, une figure romanesque. L'artiste en représentation. Images des artistes dans l'art du XIXe siècle. Paris: Fage, 2013.
LEVI, Primo. Abruzzo forte e gentile. Roma: Stabilimento tipografico italiano, 1882.
MILNER, Max. Le peintre fou. Folie de l'art. Romantisme, n. 66, 1989.
MIQUEL, Salvador Sanpere y. Mariano Fortuny: álbum colección escogida de cuadros, bocetos y dibujos desde el principio de su carrera artística hasta su muerte, reproducidos por los modernos sistemas de foto-litografía y foto-tipia. Barcelona: Imprenta e Librería Pblo Riera, 1880.
MIRAGLIA, Marina. Francesco Paolo Michetti. Il cenacolo delle arti. Napoli: Mondadori Electa, 1999.
NICOLÁS, María del Mar. Mariano Fortuny y Madrazo. Entre la modernidad y la tradición. Madrid, Fundación Universitaria Española, 2001.
O'REGAN, Ava-Anne. Art, advertising and modernism: the transfiguration of the artist in the age of capitalism. University of Western Australia, 2012.
ROQUE, Maria-Àngels. Mariano Fortuny Madrazo: the luminous and cosmopolitan mediterranean. Quaderns de la mediterrània, European Institute of the Mediterranean, n. 15, 2011.
WEISZ, Suely de Godoy. Rodolpho Bernardelli, um perfil do homem e do artista segundo a visão de seus contemporâneos, 19&20, Rio de Janeiro, v. II, n. 4, out. 2007.
ZACCHI, Iosé Benlliure. Rassegna contemporanea, anno VI, serie II, 10 gennaio 1913.
ZUCKER, Wolfgang M. The artist as a rebel. The Journal of Aesthetics and Art Criticism, vol. 27, n. 4, summer, 1969.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 MODOS